Alunos sem aulas devem ir a exame?

Aulas de compensação dentro do horário ou nas férias são sugestões de pais e professores para alunos que estão há um mês sem aulas. Fenprof diz que falta de equidade entre alunos que vão a exame é grave e que todos os cenários devem ser ponderados, até a sua suspensão.

Só no final de Outubro, e quando as escolas tiverem todos os professores, será possível estimar que matéria ficou por dar aos milhares de alunos que estão sem aulas há mais de um mês devido aos problemas nos concursos, disse ao SOL Filinto Lima, vice-presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).

O responsável explica que só depois de ser feito este levantamento é que podem ser traçadas medidas concretas para compensar os alunos, em especial os que vão ter exames.

Aulas de compensação dentro do horário ou nas férias e redução dos programas foram medidas já sugeridas por pais e professores. A Federação Nacional de Professores (Fenprof) junta agora outra ideia à discussão: «Porque não suspender os exames nacionais?».

O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, diz que esta não é uma proposta definitiva, mas admite que já foi levantada por alguns docentes. «É uma reflexão que deve ser feita pois está em causa uma questão de equidade entre alunos. Perante este problema, podem fazer-se todas as aulas de recuperação para atenuar os danos mas estes são irrecuperáveis», afirmou ao SOL. A aplicar-se, esta suspensão seria apenas para os alunos do 4.º, 6.º e 9.º anos que vão ser submetidos às mesmas provas nacionais de fim de ciclo do que os colegas que tiveram oportunidade de dar a matéria toda. No secundário, Mário Nogueira reconhece que isso não é possível, pois os exames têm implicações no acesso ao ensino superior.

Aulas de compensação terão custos para o Ministério

Filinto Lima não concorda com esta posição e acredita que até Maio será possível recuperar a maior parte da matéria que ficou por dar. Embora reconheça que isso vai exigir um grande esforço dos alunos, principalmente dos que têm mais do que um professor em falta. «Primeiro, cada escola tem de fazer contas e perceber o que ficou em falta. Idealmente, as compensações deveriam ser feitas pelo professor da turma. Mas será que os professores estão dispostos e que os horários são compatíveis?», questiona. Depois, acrescenta, é preciso saber se o Ministério vai pagar o alargamento do horário dos professores para este efeito ou autorizar contratações pontuais . Os directores reuniram com a tutela na quarta-feira e ficaram «com a sensação de que há disponibilidade para isto». O recurso a professores que estão colocados em escolas perto de casa devido a doença, mas que não têm componente lectiva, pode ser outra forma de arranjar aulas extra sem mais encargos, sugere o vice-presidente da ANDAEP.

Directores vão contratar professores directamente

Na próxima semana, os professores que ainda faltam nas escolas que estão em Territórios Especiais de Intervenção Prioritária (TEIP) e com autonomia – cerca de dois mil, segundo contas da ANDAEP – poderão ser contratados directamente pelas escolas. A decisão de Nuno_Crato é uma forma de tentar resolver os problemas causados pelos erros da Bolsa de Contratação de Escolas. Filinto Lima explica que isto permite agilizar o processo de colocação pois, ao ter acesso à lista de ordenação dos professores, o director pode contactar directamente o candidato para saber se aceita o lugar, não tendo de esperar pelo tempo legal de resposta. Se este não aceitar, porque ficou colocado noutra escola, pode contactar de imediato o professor que se segue na lista.

rita.carvalho@sol.pt