Na sexta-feira, a cidade de São Paulo registou uma temperatura de 37,5 ̊C, a mais alta dos 71 anos. Há 70 cidades do Estado que enfrentam seca extrema e 30 destas já estão a racionar água.
Os números são impressionantes. Segundo o Datafolha, 75% dos paulistas afectados pela seca disseram que na última vez em que houve uma interrupção esta durou mais de seis horas.
Grande parte do problema decorre da falta de água no complexo de Cantareira – que engloba reservatórios e pequenas barragens construídas na década de 1970. Este complexo serve mais de 10 milhões de habitantes.
Esta segunda-feira, os níveis de água de Cantareira atingiram os 3,5% da reserva total, a mais baixa da história. As estimativas não são nada animadoras visto que, se o problema se agravar, o complexo poderá ficar totalmente vazio em Março do próximo ano.
Cerca de 250 pessoas, residentes de Itu – município de São Paulo – manifestaram-se esta segunda-feira. Atearam fogo em pneus e madeiras, interditando o trânsito.
Os moradores afirmam já não terem outra escolha que não reutilizarem água dos esgotos para puxarem o autoclismo.
“Eu preciso de água para cozinhar e para me limpar. Não tivemos uma gota de água em nossa casa nos últimos 12 dias”, disse Rosa da Silva, uma moradora de Itu, à Al Jazeera.
A meio de eleições presidenciais, a questão da escassez de água em São Paulo tem sido evitado pela maioria dos políticos.
O Partido Social Democrata (PSDB) governou o Estado de São Paulo nos últimos 13 anos, o que tem causado alguns dissabores a Aécio Neves, candidato presidencial. No último debate entre Dilma Rousseff e Aécio, a Presidente do Brasil não se esqueceu do facto. São Paulo está “a ficar sem água”, disse Dilma, acusando o candidato do PSDB.
O grau de responsabilidade pela seca também foi analisado pelo Datafolha. 53% dos inquiridos são da opinião de que o Governo federal teve “muita” responsabilidade, enquanto 66% acredita que a maior responsabilidade foi do Governo estadual.