Scott, que era vice-Presidente desde 2011, deverá liderar o país interinamente até à marcação de eleições presidenciais antecipadas, previstas para o início de 2015.
Aos 70 anos, o chefe de Estado torna-se no primeiro Presidente branco de um país da África subsariana desde o fim do Apartheid na África do Sul. Contudo, há pelo menos duas excepções insulares a referir: o antigo primeiro-ministro das Maurícias Paul Bérenger (2003-2005) e o actual Presidente cabo-verdiano Jorge Carlos Fonseca.
Ao jornal britânico The Guardian, Scott admite que a sua subida ao poder “é de algum modo um choque para o sistema”.
No entanto, o economista formado pela Universidade de Cambridge considerava numa anterior entrevista ao diário londrino que a Zâmbia estava já num processo de passagem “de uma situação pós-colonial para outra cosmopolita”, referindo-se à convivência entre as diversas comunidades residentes no país. “Não há qualquer vestígio de ressentimento em relação ao facto de um homem branco se tornar vice-Presidente”, dizia então.
Scott e a mulher, durante uma visita a Washington (Associated Press)
De acordo com a constituição da Zâmbia, Scott nunca poderá ser candidato às presidenciais. Não pela cor da pele, mas pelo facto de ser filho de estrangeiros. A morte de Sata, aos 77 anos, e a promoção do vice-Presidente, por inerência de funções, é a única via legal pela qual o zambiano de ascendência inglesa e escocesa pode assumir – temporariamente – a chefia de Estado.
Apenas 40.000 dos cerca de 13 milhões de zambianos são brancos. O país tornou-se independente do Reino Unido há precisamente 50 anos, uma marca assinalada na semana passada.
pedro.guerreiro@sol.pt