Mas esta de o director do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa ter retirado de circulação o último número da revista científica Análise Social, sem hesitar ultrapassar o parecer do seu director editorial, por causa da ilustração de um texto com imagens antigovernamentais tiradas das paredes de Lisboa é de bradar aos céus.
Porque é uma censura descarada, em que se ultrapassam responsáveis editoriais de confiança do proprietário, com medo de ofender o Governo. Pior do que a censura do lápis azul, são as várias formas de auto-censura, sobretudo as ilegítimas como esta. Ainda por cima, este (ir)responsável académico desconhece, como afirmou um dos editorialistas da Revista, que escrever sobre um assunto, não é apoiá-lo. Quem escreve sobre Salazar ou Hitler não tem necessariamente de ser salazarista ou nazi, e nós temos todo o interesse em saber o que se passou.
Nomeadamente, sobre a existência de inscrições morais em Lisboa, de carácter politico, incluindo as antigovernamentais.