Há que ver duas coisas. Primeiro, Portugal não é o único país a estar nessa situação. Espanha, França e Reino Unido também não respeitam o limite dos 3% do PIB, por vezes por margens bem maiores que as nossas.
Há que ver também que, no essencial, as previsões são boas. O desemprego continuará a baixar, as contas com o exterior, cujo enorme défice foi a razão principal deste enorme sarilho em que nos metemos, estão equilibradas, a dívida pública em % do PIB vai começar a diminuir, e o crescimento económico acelera, começando a atingir valores interessantes: 1,3% em 2015 e 1,7% em 2016. Não é um ritmo alucinante, mas é razoável. Politicamente, é melhor para a maioria do que para o PS.
Recomprar a PT
Bagão Félix, Freitas do Amaral, João Cravinho e Francisco Louçã são alguns dos nomes mais sonantes de um documento que pretende “resgatar a PT”, isto é, impedir que seja vendida a mãos estrangeiras. O que é curioso é que, à excepção de Louçã, não me lembro de qualquer deles manifestar-se contra o processo de privatizações. E, uma vez uma empresa esteja no mercado, pode ser comprada por estrangeiros. São as regras do jogo.
Se se queria impedir este resultado, que não se privatizasse. Mas as receitas das privatizações foram elevadíssimas, e deram muito jeito a vários governos.
Este manifesto vai ter menos impacto e o mesmo destino do anterior, dos mesmos signatários, sobre a proposta de renegociar a dívida pública: não servirá para nada.