O julgamento do arguido, um emigrante de 65 anos, começou hoje no Tribunal de Vila Real.
O arguido é acusado de um crime de homicídio qualificado, pela morte da irmã de 61 anos depois de seis facadas, e por um homicídio na forma tentada, por ter ferido a mãe de 85 anos também com uma arma branca.
Os factos ocorreram em Março, na aldeia de Meixedo, concelho de Montalegre.
Ao colectivo de juízes, o arguido admitiu os crimes e mostrou-se "muito arrependido".
Os dois irmãos não falavam há três anos devido a desentendimentos por causa das áreas comuns das suas casas vizinhas.
O arguido referiu nunca ter discutido com a irmã, mas afirmou que esta o provocava.
Naquele dia, disse ter ido às compras e que, ao regressar a casa, encontrou o carro da irmã mal estacionado na área comum, tendo-lhe pedido para retirar a viatura o que a mulher não fez.
Contou ainda que a irmã o chamou de "sujo e ladrão", uma provocação que acabou com a agressão. A mãe ao ouvir os gritos veio à rua e acabou por ser também atacada, tendo ficado na altura com alguns ferimentos e internada durante alguns dias no Hospital de Chaves.
Apesar das manobras de reanimação, a irmã, professora reformada, não resistiu aos ferimentos, tendo o óbito sido confirmado no local.
O arguido alegou ter sentido, na altura, "uma névoa", "como se estivesse a sonhar", referindo não se lembrar de muita coisa, como quantas facadas desferiu sobre a irmã ou que caminhos percorreu quando fugiu de carro.
Depois, referiu ter "acordado" em Braga, de onde ligou à mulher e ao único filho e foi a família que o foi buscar e o levou às instalações da Polícia Judiciária de Vila Real.
Lamentou "a desgraça, a tragédia" que destruiu pelo menos duas famílias e disse ter perdido a noção do estava a fazer.
"Gostava que me perdoassem", sublinhou, referindo-se à mãe e aos sobrinhos.
Durante a tarde de hoje vão ser ouvidas as testemunhas de acusação e o julgamento prossegue no dia 27 de Novembro.
Lusa/SOL