Em primeiro lugar, não foi uma surpresa completa. Há anos que circulavam rumores sobre os negócios ilícitos de Sócrates.
Evidentemente, como qualquer pessoa, Sócrates tem direito à presunção da inocência: é considerado inocente até que um juiz decida em contrário.
Independentemente das questões jurídicas, a detenção de Sócrates altera radicalmente o jogo político. Joga contra o PS, e a favor da maioria governamental.
PSD e CDS voltaram a ter esperança de, em 2015, renovarem a maioria.
Se PSD e CDS não paravam de falar da pesada herança que, segundo eles, lhes foi deixada pelo último governo de Sócrates, agora é certo que não deixarão este assunto em paz até às próximas eleições.
Para António Costa, que foi o nº 2 de Sócrates e que se orgulhava do seu passado, tentando nas últimas semanas reabilitar a herança do antigo primeiro-ministro, esta é uma péssima maneira de começar o seu período como líder da oposição.
Tem agora de se distanciar de Sócrates, e cabe-lhe a árdua tarefa de convencer os portugueses que os políticos, em geral, e os do PS, em particular, não são um bando de criminosos.
A outra grande baixa, para além do PS, é a imagem externa de Portugal. É raro, nos países desenvolvidos, os ex-primeiro ministros serem detidos. Mas pior seria, claro, se a justiça não funcionasse.
Uma última nota para António José Seguro que, neste momento, deve estar razoavelmente satisfeito. Ele nunca suportou Sócrates.