Pouco passava das 22h30 quando Pablo Iglesias começou a sua intervenção na conferência internacional ‘Unidos Contra a Austeridade’, organizada pelo BE. Iglesias sublinhou que tinha “muita vontade de estar em Portugal” e admitiu ter recusado uma entrevista a uma televisão espanhola que o terá convidado para uma entrevista hoje, para estar em Portugal. “Que me perdoe a Telecinco, mas prefiro estar em Portugal”, disse. Depois, partilhou um segredo: o segredo do Podemos.
“Muitos me perguntam: como é possível eleger cinco deputados nas Europeias e agora aparecer como primeira força política? Querem saber qual é a poção mágica que está por detrás do sucesso do Podemos”, disse, para concretizar a fórmula: acabar com o pessimismo e recuperar a ilusão; não tomar a esquerda como uma religião; aproveitar a crise para puxar pelo orgulho e ter audácia; romper o tabuleiro político dividido entre uma falsa esquerda e uma falsa direita e, por fim, criar empatia com o povo.
Ante um BE dividido a meio, o líder do Podemos sinalizou que devem acabar as divisões à esquerda e deixou uma mensagem de esperança: as situações difíceis “são ideais para tentar algo de novo”. Iglesias disse ainda ter-se inspirado numa frase de Portugal “O Povo é quem mais ordena” quando criou o seu partido. Até porque, sublinhou, apesar da diferença entre os dois países, “a maioria dos espanhóis e dos portugueses estão de acordo que há uma elite sem vergonha”. Para o eurodeputado, “há uma oportunidade política para assinalar os inimigos do povo”. Desde logo, apostando no orgulho nacional: “É o momento do orgulho, não queremos ser uma colónia da Alemanha. É como o Cristiano Ronaldo marcar um golo, mas na política”, gracejou.
Pablo Iglesias, que tem recebido ameaças de morte, esteve em Lisboa acompanhado por seguranças e no exterior do pavilhão do Casal Vistoso estava montado um dispositivo de segurança da PSP, assegurado pelo Estado Português. Desde que foi publicada, este mês, uma sondagem para o El País que colocava o Podemos à frente do PP, partido do poder, e do PSOE, principal partido da oposição, que Iglesias recebeu escolta policial 24 horas por dia. Apesar dos seguranças que o protegiam dentro do recinto da conferência internacional, Iglesias respondeu aos inúmeros pedidos de conferencias para tirar fotografias com o homem do momento em Espanha.