Entretanto, a RTP convidou-o para comentador dominical. Na estreia, para não ostentar o património, o ex-primeiro-ministro deixou o Mercedes na garagem e apresentou-se com um carro alugado.
O dinheiro que Sócrates usa no dia-a-dia é-lhe entregue por Santos Silva, que sempre que é necessário faz levantamentos em numerário num balcão do BES: para cima de 10 mil euros por mês, em média, que lhe entrega em mãos ou faz-lhe chegar por terceiros. Este ano, com o resgate do BES e a passagem para o Novo Banco, metade da fortuna já foi transferida para outra instituição bancária.
Recentemente, para as entregas de dinheiro deixarem de ocorrer às escâncaras e porque necessita todos os meses do dobro do ordenado que a Octapharma lhe paga por mês, o ex-líder socialista passou a usar um método mais complexo, com a conivência do representante da farmacêutica em Portugal, Joaquim Lalanda de Castro, que o convidou para o lugar.
E assim, todos os meses eram forjadas facturas. O dinheiro do espólio Sócrates é enviado para uma sociedade offshore sediada em Londres cujo beneficiário é Lalanda de Castro. Este paga-lhe mais 12 mil euros através de outra sua empresa em Portugal, a título de nova avença – dinheiro este que o ex-primeiro-ministro declara ao fisco.
Este dinheiro passa a entrar na conta de Sócrates para que ele, que geralmente utiliza no dia-a-dia dinheiro vivo, possa fazer transferências e usar cheques em pagamentos de maior fôlego. Tudo numa aparente legalidade.
felicia.cabrita@sol.pt
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