Estes dados põem em causa a política do Governo (Abenomics, como ficou crismada), uma mistura de estímulos fiscais, quantitative easing (impressão de dinheiro) e de reformas estruturais para que o Japão saia do marasmo de duas décadas.
A nova caiu como um pequeno abalo sísmico e teve como primeiras consequências a queda do iene (para o valor mais baixo em sete anos) e da bolsa de valores de Tóquio. No plano político, como já circulava na capital nipónica, o primeiro-ministro Shinzo Abe decidiu dissolver a Câmara Baixa e convocar eleições.
Os analistas culpam a subida da taxa do consumo (o equivalente ao IVA) de 5% para 8%, uma medida que entrou em vigor em Abril com o objectivo de tentar controlar a dívida pública (uns estratosféricos 240% do PIB) e financiar as prestações sociais de um país cada vez mais envelhecido.
Era intenção do Governo voltar a subir essa taxa em Outubro de 2015 de 8% para 10%, uma medida que deverá ficar congelada até à Primavera de 2017, uma vez que o fantasma da deflação assusta mais do que os da dívida e do défice.
Este é um dos pontos que fizeram Shinzo Abe antecipar as eleições em dois anos: deseja que a ideia de adiar o aumento de impostos seja plebiscitada pelos japoneses.
Apesar da confortável maioria na Câmara Baixa do Partido Liberal Democrata, Abe preferiu devolver a palavra aos concidadãos. Enfraquecido pela demissão das ministras da Economia e da Justiça, há um mês, num caso de desvio de fundos, o chefe do Governo demissionário é, no entanto, o grande favorito à vitória das eleições que devem realizar-se ainda este ano. Com 36,6% dos japoneses a declarar-se simpatizante do PLD de Abe, e apenas 7,9% do Partido Democrático, as eleições aparentam ter sentido único.
Para o futuro Executivo ficam ainda dois temas muito quentes: a alteração da lei para permitir ao exército (as forças de autodefesa) intervir num âmbito mais alargado do que até agora e o regresso em toda a força da energia nuclear.