"Vou avançar com o recurso [da prisão preventiva] na próxima semana", disse o advogado que, questionado pelos jornalistas sobre se já sabia qual o dia concreto, se limitou a acrescentar: "Depende de quando estiver pronto".
João Araújo falava aos jornalistas à saída do Estabelecimento Prisional de Évora, onde hoje esteve reunido, durante cerca de três horas, com José Sócrates, que aí está a cumprir prisão preventiva.
Acompanhado por outro advogado que se identificou como Pedro Pulido, e que também visitou Sócrates na prisão, durante a tarde de hoje, João Araújo disse ter estado a trabalhar com o seu cliente sobre o recurso.
"Vim ver se ele me ajudava nas minhas dificuldades", mas "ele não me conseguiu dar nenhuma" ajuda, porque "nem ele nem eu conhecemos os factos da corrupção", que "é o aspecto mais importante", afirmou.
Escusando-se a revelar qual a base do recurso que vai apresentar, porque, "depois, toda a gente sabia", o advogado adiantou que "é uma equipa muito grande" aquela que está a trabalhar no processo que envolve o ex-primeiro-ministro, José Sócrates.
"Se o senhor soubesse a quantidade de pessoas que está permanentemente a disputar-se para ajudar o senhor engenheiro, solidários com ele e que compreendem o que esta prisão significa", referiu.
João Araújo considerou que a prisão de José Sócrates "é ilegal, porque não cumpre a lei", mas não quis concretizar: "Eu não posso dizer essas coisas", frisou.
Questionado pelos jornalistas se tinha sido uma "boa reunião", o causídico disse que "nunca são boas as reuniões que se têm nas cadeias", porque "as cadeias são sítios horríveis".
À pergunta se José Sócrates vai continuar a comunicar a partir da cadeia e se ainda tem muito para dizer sobre o processo, João Araújo respondeu que o ex-primeiro-ministro vai falar "se achar oportuno e quando for oportuno" e que "ele ainda nem começou a dizer".
O advogado referiu ainda que José Sócrates "estava francamente bem" e que "até fez corridas".
Já esta semana, na quarta-feira, em declarações à agência Lusa, João Araújo tinha adiantado que, na próxima semana, vai recorrer da prisão preventiva aplicada a José Sócrates pelo juiz de instrução Carlos Alexandre.
Nessa mesma ocasião, o causídico considerava que o processo-crime que envolve o ex-primeiro-ministro tem "contornos políticos", referindo ainda não saber que crime de corrupção é imputado ao ex-líder socialista.
José Sócrates está detido na prisão de Évora, depois do primeiro interrogatório judicial e de ter sido colocado em prisão preventiva.
O ex-primeiro-ministro é o primeiro ex-chefe de governo da história da democracia portuguesa a ficar em prisão preventiva, indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção.
Os outros dois arguidos em prisão preventiva no âmbito do "processo Marquês", encontram-se presos preventivamente no Estabelecimento Prisional Anexo às Instalações da Policia Judiciária, na rua Gomes Freire, em Lisboa.
Lusa/SOL