Terá sido por essa razão que, de forma inesperada, Sócrates, Carlos Santos Silva (seu amigo e presumível testa-de-ferro na ocultação do seu pecúlio financeiro) e o advogado Gonçalo Ferreira (igualmente incriminado) terão marcado deslocações na terça-feira anterior à detenção, o primeiro para Paris e os outros dois para Londres.
A ideia seria procurar investir na aquisição de apartamentos na capital britânica parte das verbas que terão sido auferidas ilicitamente por Sócrates enquanto governante, ao mesmo tempo que o ex-primeiro-ministro tentava junto de uma imobiliária vender o mais rápido possível a residência de luxo que antes adquirira na capital francesa, desfazendo-se de um bem que a imprensa portuguesa já noticiara como estando referenciado pelos investigadores judiciais.
Os três arguidos encontraram-se depois em Paris. Mas, enquanto Santos Silva e Ferreira regressaram a Lisboa na quinta-feira, pelas 16h00, num voo da TAP, Sócrates – que tinha marcado o regresso via Air France na mesma altura – acabou por ficar na cidade-luz, baralhando os investigadores.
Os indícios de que Sócrates e os amigos já tinham sido avisados do teor da investigação, podendo ocultar ou desviar provas do inquérito e perturbar o seu avanço, ter-se-ão contado entre os motivos para as autoridades tomarem a decisão de os deter.
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