Na verdade, como sublinhou o ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos, não seria possível o Banco de Portugal ter avançado com as medidas que tomou, sem o apoio do Governo, designadamente no novo enquadramento legal que lhes deu.
A ministra das Finanças, com desarmante descaramento, garantiu na Assembleia só ter tido conhecimento do caso, pelo Banco de Portugal, no dia as seguir ao próprio Governo, de que ela faz parte, e seguramente por proposta sua, aprovar o tal novo enquadramento legal, em 2 Decretos Lei, que permitiram ao Banco de Portugal avançar com a sua coxa solução.
E depois foi um matraquear no Governador do Banco de Portugal, por gente do PSD, merecido se não tivesse havido necessidade de o Governo o apoiar, e portanto de o matraquear dever atingir igualmente o Governo. Por alguma razão diz-se que Passos mandou o PSD calar-se nos ataques ao Governador.
É extraordinário pretender-se que o GES pague as suas dívidas, retirando para o Novo Banco todas as empresas do Grupo que estavam em boa situação económico-financeira. A mim soa-me não só a irrealista, como a ilegal.
Mesmo que Ricardo Salgado venha a ser sentenciado como “vigarista encartado” (o que não está ainda provado, mas eu sou levado a acreditar), isso não significa que toda a família o tivesse sido (apesar da responsabilidade de o manter em funções).
Depois, foi surrealista ouvir a ministra, na Assembleia, deitar umas ferroadas ao Governador do Banco de Portugal. Seguida por outros deputados do PSD mais directos. Embora o Governador não pareça nenhum génio, mas mais medíocre como a ministra, tudo indica que não poderia ter avançado sem ser em consenso.
Não percebo é como é que avançam compradores para as empresas do Novo Banco, com o risco de se virem a ver envolvidos em longos e complexos processos judiciais, movidos pelos espoliados portugueses. A não ser que sejam todos de países autoritários, em que pensam que basta a bênção do Governo, para arrastar tribunais e o mais que for preciso. Talvez lhes saiam as contas erradas.