Prémio Sakharov 2014, protagonizou esta semana momentos de rara emoção no Parlamento Europeu. Perante os deputados (que o aplaudiram de forma quase tão calorosa como as galerias, em especial a pequena 'claque' congolesa, que coloriu o espaço com cânticos), Mukwege lembrou que a região onde habita é das mais ricas do planeta, embora o povo viva na pobreza – e sofra as maiores barbaridades por parte dos senhores da guerra. “O corpo das mulheres é um campo de batalha. As pessoas são escravizadas. Na semana passada 50 pessoas foram mortas à catanada. Num mês e meio 200 pessoas foram torturadas”.
Falou também do seu trabalho de salva-vidas: “Em cada mulher violada vejo a minha mulher, em cada mãe violada vejo a minha mãe e em cada criança violada vejo os meus filhos. Como me poderia calar quando vejo bebés de 6 meses com as vaginas destruídas?”.
Mukwege espera que a entrega do prémio desperte consciências sobre a extracção sem controlo de minérios para abastecer baterias de smartphones e tablets, uma fonte de enriquecimento dos poderosos que reprimem as populações, perante “um acordo de paz assinado em 2013 que é letra morta”. E espera que os crimes de violação sejam equiparados ao uso de armas químicas.