Ambientalistas desvalorizam praga das palmeiras

Um problema menor. É assim que os ambientalistas definem a praga do escaravelho vermelho que se instalou nos últimos sete anos por todo o território português. “Não se pode comparar o impacto causado pela praga das palmeiras com o impacto do nemátodo do pinheiro, por exemplo, ou com os problemas que afectam o montado de…

O facto de o escaravelho vermelho apenas atacar, até ao momento, as palmeiras, espécies ornamentais e exóticas, leva o ambientalista a defender que “o Estado não deve afectar grandes recursos a lutar contra esta praga”: “Há problemas mais prementes como o nemátodo da madeira do pinheiro e as doenças associadas ao declínio do montado de sobro. Aí sim, os investimentos deveriam ser maiores”, diz Domingos Patacho, acrescentado que os custos “demasiado elevados” dos tratamentos, incomportáveis para muitos proprietários, são outro dos problemas.

Praga mostra ‘incompetência dos serviços’ 

Já para Eugénio Sequeira, da Liga de Protecção da Natureza (LPN), o facto de a praga do escaravelho ter-se alastrado a todo o território mostra “a incompetência dos serviços públicos”. “A única coisa que se faz é pôr os tubinhos para o insecticida”, critica o ambientalista, lembrando que não há qualquer resposta nacional concertada.

“As palmeiras estão em Portugal desde a época dos Descobrimentos. São exóticas, por isso, do ponto de vista ambiental não têm interesse”, considera, porém, o antigo presidente da LPN, concordando que existem problemas mais graves, que continuam por resolver: “Temos a mosca branca da fruta, o nemátodo da madeira do pinheiro, o chorão, as acácias…”. 

Mas, admite Eugénio Sequeira, há uma “questão cultural e estética associada” às palmeiras que justifica um controlo mais activo. Por outro lado, avisa, deveriam estar a fazer-se estudos sobre os possíveis impactos do escaravelho noutras culturas. “Quando deixar de haver palmeiras em Portugal, o que fará o insecto? Não há qualquer estudo a ser realizado para sabê-lo”. 

sonia.balasteiro@sol.pt