A praga do escaravelho vermelho que, em 2007, começou a conquistar Portugal a partir do Algarve, continua a não dar tréguas às palmeiras de todo o país. Em Cascais, o primeiro concelho da Grande Lisboa em que foi detectada a presença deste besouro, em 2009, – e um dos locais onde existem mais palmeiras centenárias – a situação é grave.
São centenas as árvores doentes, tanto públicas, como é o caso das palmeiras que adornam a Avenida Marginal, como as privadas erguidas em jardins particulares.
A Câmara Municipal de Cascais admite o problema, mas fonte oficial garante ao SOL que a autarquia está a realizar tratamentos nas árvores afectadas e que já avisou 149 proprietários de palmeiras que têm de fazer o mesmo.
Isto porque, segundo a lei, a notificação dos proprietários de árvores infestadas pelos escaravelhos – que atingem os 4,5 cm de comprimento, apesar de serem exímios a esconder a sua presença –, é realizada pela Direcção Regional de Agricultura de Lisboa e Vale do Tejo, mas cabe às câmaras apelar a que os donos das palmeiras actuem.
O problema, porém, é que, cerca de sete anos passados após a detecção da praga no país, o escaravelho vermelho (Rhynchophorus ferrugineus) aprendeu a resistir aos químicos utilizados nos tratamentos. Por outro lado, os custos associados aos tratamentos, que atingem os 600 euros anuais, também demovem muitos proprietários de os realizar.
200 palmeiras emblemáticas afectadas em Cascais
Assim, num concelho onde as palmeiras são uma espécie protegida (pelo Regulamento de Parques e Espaços Verdes Municipais), o escaravelho continua a ganhar terreno: «A Câmara tem cerca de 200 palmeiras emblemáticas em Cascais, Estoril e Carcavelos, onde são realizadas tratamentos fitossanitários, quer preventivos quer curativos. Quando há exemplares já atacados nessas zonas, são feitas podas cirúrgicas no sentido de se tentar recuperar os mesmos», explicou ao SOL fonte oficial da Câmara de Cascais.
Um dos espaços verdes com palmeiras emblemáticas afectadas são os jardins do Casino Estoril, admite a mesma fonte: «Temos trabalhado em conjunto para diminuir possíveis focos de contágio».
A Câmara sublinha ainda que, nas avenidas contíguas aos jardins, há palmeiras que estão a ser alvo de «um tratamento profundo com vista a debelar o ataque da praga de escaravelhos». A intervenção visa «salvar os exemplares afectados».
A verdade é que, apesar destes esforços, o insecto, que chega a voar sete a dez quilómetros sem parar, continua a avançar: muitas das altivas palmeiras Washingtonia, a espécie de que o escaravelho mais gosta, estão reduzidas, por estes dias, aos troncos.