O que pretende transmitir, seis anos após a liquidação do BPP?
Desde logo, é importante notar que o BPP ainda não foi liquidado, seis anos depois. O processo de liquidação continua em curso custando aos credores 10 milhões de euros por ano. O que se pode dizer é que mais de 80% dos clientes do chamado Retorno Absoluto (RA) já recuperaram a totalidade do seu capital mais juros e que, ainda assim, têm um crédito adicional sobre a massa insolvente do BPP que os levará muito para além dos seus capitais investidos. Talvez não exista outro caso a nível mundial onde alegados lesados recebem mais do que o seu alegado dano e continuam a ser considerados lesados.
O que demonstra isso?
Que o BPP era perfeitamente viável e que Sócrates cometeu o erro imperdoável da culpabilização individual – sabemos agora que para mascarar algo bem mais grave. Por sua vez, o BPP terá uma massa insolvente superior a 600 milhões, muito superior aos 450 milhões a pagar (se é que terá de pagar) ao Estado. Este, até agora ainda não perdeu absolutamente nada, a menos que os tribunais decidam o contrário. Existem meios financeiros para pagar. Significa isto que os credores receberão um pagamento significativo. Sabemos que o Finantia, Banif, BCP, BPI e tutti quanti foram directa ou indirectamente apoiados. Por que foi o BPP atirado aos leões? Um dia chegará a explicação.
Os clientes lesados de Retorno Absoluto do BPP continuam a procurar a sua opinião?
Sim. Houve dois picos nesta procura. Primeiro, aquando da constituição do Fundo Especial de Investimento (FEI), que agregou os investimentos do RA. Tive – em boa hora – um papel importante no sentido de os convencer a aderir. Depois, mais recentemente, sobre a eventual continuidade do FEI para além do seu período inicial de três anos. Também tive êxito a sugerir a continuidade.