TAP: Uma greve inoportuna?

Diz-se agora por aí que a greve da TAP é inoportuna. E há até quem julgue não terem os sindicatos direito a lutarem por nada, salvo reivindicações puramente profissionais (penso que nem Salazar foi tão longe no pensamento, embora sim na acção). Para estes últimos limito-me a sugerir que se cultivem um pouco no conceito…

Mas o que são greves oportunas? Imagino serem aquelas que não maçam ninguém, e portanto não têm sequer o menor efeito.

Uma greve, para ter peso de reivindicação, tem de maçar, e ser inoportuna. Claro que nesta da TAP eu me coloco entre os maçados logo directamente (pelo que espero de interrupção da diáspora familiar na época de natal), embora não tenha formado posição firme sobre a reivindicação contra a privatização da empresa (sem sequer se garantir que não haverá despedimentos colectivos, ou que a marca se mantém, ou que não será deslocado o seu centro de decisão para o estrangeiro, ou que os serviços essenciais que dela nos interessam no espaço lusófono prosseguem).

Esta greve, precisamente por ser incómoda, não é realmente inoportuna. E se tivesse algum apoio na comunicação social, com o eleitoralismo actual do Governo, seria até votada ao maior sucesso.