Na noite eleitoral, disse que o PSD-Madeira “nunca mais será um partido de pensamento único”. É o facto de haver seis candidatos ou o seu resultado que o leva a dizer isso?
Estas eleições e as anteriores levaram a que houvesse uma dinâmica nunca vista, com grande mobilização e a possibilidade de os militantes emitirem as suas opiniões e serem ouvidos. Foi essa democracia interna que os militantes aspiravam que fez com que, hoje, o partido seja muito mais rico e onde nada será como antes.
Disse que o seu adversário na segunda volta representa "mais do mesmo". Não teme que as possíveis alianças do adversário se conjuguem?
Representa [mais do mesmo], até porque é apoiado pela nomenclatura actual do partido e por Alberto João Jardim. Acho que não há, hoje, a possibilidade de arregimentar militantes. Os militantes têm, hoje, uma nova sensação de liberdade e ele [Manuel António Correia] não terá nenhuma possibilidade de inverter esta situação.
Alberto João Jardim 'ameaçou' ser mais activo na segunda volta. Como é que interpreta essa intenção e até que ponto ela é boa ou má para a sua candidatura?
Neste momento, Alberto João Jardim é um militante como qualquer outro. Pode, se quiser, intervir na campanha. Não tenho nenhum problema em que intervenha a favor do meu adversário político. Até é bom que isso aconteça.
Conta com alianças para a segunda volta?
A única coisa que temos de fazer é respeitar a vontade de cada militante. A ideia de que as pessoas podem arregimentar, 'encarneirar' militantes é uma ficção. [Os que não passaram à segunda volta] são militantes respeitáveis. Não me passa pela cabeça estar a arregimentar militantes.
Jaime Ramos é o líder parlamentar do PSD no parlamento regional e obteve uns escassos 0,72% na primeira volta. Cunha e Silva é vice-presidente do governo e perde para um secretário regional (Manuel António Correia) por uma diferença de 11,91%. Um e outro devem demitir-se?
Após as eleições, o que deve acontecer é o Governo entrar em gestão. As pessoas devem exercer o cargo até ao fim. Até às eleições antecipadas, os actos políticos, os actos de governo e mesmo os actos parlamentares devem limitar-se a gestão corrente.
Vai pedir uma audiência ao representante da República para dissolver a assembleia regional após o pedido de demissão de Alberto João Jardim, a 12 de Janeiro?
Se ganhar as eleições e o congresso, como espero, e conforme decorre do meu programa, sufragado pelos militantes, vou requerer a antecipação de eleições regionais. Farei todas as diligências no sentido de respeitar a vontade dos militantes.
Já tem programa de governo? Com quantos secretários pretende governar e para que pastas? Com ou sem vice?
Tenho a minha moção e, caso ganhe, o programa de governo vai ser discutido após o congresso. Quero auscultar as forças vivas da Madeira. Será um programa elaborado, nas suas linhas gerais, com a comparticipação dos militantes e dos cidadãos. A orgânica será um reflexo das prioridades que serão estabelecidas.
Quais são as três maiores prioridades do futuro Governo da Madeira?
Em primeiro lugar, reabilitar a notoriedade e a credibilidade da Região ao nível das instituições, na sua imagem para o exterior. Em segundo, delinear políticas programadas para a reabilitação social e retoma da economia. Em terceiro lugar, estabelecer novas pontes de diálogo com o Estado, a República, no sentido de projectarmos a Região a nível nacional e internacional, para atrairmos investimento e turismo através de um regime fiscal favorável. Consideramos importante a diferenciação fiscal para atrairmos investimento em inovação, ciência e novas tecnologias.
Sente que é o candidato à liderança do PSD-M mais temido pela oposição regional?
Não tenho dúvidas sobre isso. Sou o único candidato que tem experiência eleitoral. Já ganhei eleições no Funchal em 1997, 2001, 2005 e 2009, sempre com maioria absoluta.