Cavaco e Costa foram os primeiros a criticar modelo dos debates quinzenais

“É uma das invenções mais estúpidas que a Assembleia da República fez nos últimos anos”. Era assim que em 2013, António Costa se referia, na Quadratura do Círculo, à solução proposta em 2007 por um grupo de trabalho liderado por António José Seguro.

Cavaco e Costa foram os primeiros a criticar modelo dos debates quinzenais

Para Costa, o problema é a forma como o modelo leva a um extremar de posições entre Governo e oposição, impossibilitando a criação de consensos políticos.

“Quando a principal exposição das diferenças políticas tem o objectivo de matar o adversário, isto tem consequências”, considerava o então comentador da SIC Notícias, para quem os debates quinzenais estavam a contribuir para a “deterioração cada vez mais acentuada das relações entre os principais locutores” políticos. “Tornou-se num duelo e esse duelo é fatal”, sublinhava António Costa, defendendo que “a democracia e os consensos não se conseguem com duelos”. Estas críticas tinham um significado acrescido, considerando que punham em xeque uma ideia do então líder do PS, António José Seguro.

Um ano mais tarde, Cavaco fez a mesma leitura.  “Os debates quinzenais começam a ser a expressão da crispação, da agressividade e até da má educação que, depois, torna difícil o diálogo”, disse o Presidente da República, em Novembro, em entrevista ao Expresso.

Em Belém, acredita-se que será necessária uma afinação do modelo para que o debate político não suba de tal maneira de tom que impossibilite plataformas de diálogo para chegar aos consensos a que o Presidente tem apelado em todos os seus discursos.

margarida.davim@sol.pt