"Ambas as fases [o início da redução de militares em 2012 e a sua conclusão] resultam numa quebra do Produto Interno Bruto do concelho na ordem dos 30 por cento, no aumento do desemprego na ordem dos dois mil indivíduos, correspondente a 25 por cento da população activa", afirmou hoje Roberto Monteiro em conferência de imprensa.
O autarca da Praia da Vitória alertou hoje para o impacto que a redução militar norte-americana na base das Lajes e salientou que metade da redução já foi implementada.
"Provavelmente, mais de 50% do impacto hoje já é concretizado, já é efectivo e já é sentido", frisou Roberto Monteiro (PS).
Os Estados Unidos da América (EUA) anunciaram uma redução gradual dos trabalhadores portugueses da base das Lajes de 900 para 400 pessoas até ao outono, mas também os civis e militares norte-americanos descem de 650 para 165.
Pelas contas da autarquia da Praia da Vitória, entre emprego directo e indirecto, cerca de duas mil pessoas vão perder ou já perderam o emprego.
Segundo Roberto Monteiro, desde que a intenção de reduzir a presença militar nas Lajes foi anunciada, as comissões de serviço foram reduzidas de 24 para 12 meses, o acompanhamento de familiares foi proibido, os 'stocks' de produtos nos pontos de vendas na base foram reduzidos e foi anunciado o encerramento da escola americana, da unidade de polícia de investigação militar e do grupo médico.
"Estas medidas já concretizadas provocaram a redução em 50% dos arrendamentos fora da base, reduziram em 20 toneladas por mês as cargas operadas no concelho, com impacto no serviço dos transitários locais, reduziram o consumo no comércio local, particularmente na restauração, e puseram fim a um conjunto de trabalhos associados à presença americana fora da base", salientou.
Os Estados Unidos alegaram que vão poupar 35 milhões de dólares (29,6 milhões de euros) por ano só na base das Lajes, mas para o autarca da Praia da Vitória a redução de custos é "mero artificialismo".
"Cimentando na posição de que os americanos estão a reduzir despesa extinguindo postos de trabalho na Terceira é completamente falso, porque o que está a haver é uma deslocalização destas funções para os Estados Unidos", frisou, alegando que isso terá "indiscutivelmente custos superiores".
Para Roberto Monteiro, nos últimos dois anos os Estados Unidos tentaram "desvalorizar a importância da base das Lajes" para justificarem estas medidas, mas querem continuar a utilizar as infra-estruturas.
"Diversos atores diplomáticos, assim como comentadores a soldo da potência americana, foram argumentando que a Guerra Fria acabou, que o Atlântico já não é geoestratégico para os Estados Unidos, que a base deixou de ser importante, que nada é o que era", frisou.
O autarca revelou ainda que, ao longo dos últimos dois anos, "os Estados Unidos desviaram centenas de voos militares das Lajes para bases no Canadá, em Espanha, Inglaterra, Islândia e Lisboa", o que é comprovado "pelos dados recolhidos por diversos radares".
Lusa/SOL