O parlamentar comunista comentou as recentes declarações do governante à Agência Lusa, no âmbito do defeso da sardinha em vigor, onde apontava que "existem outros stocks e outras possibilidades de pesca, como a cavala ou o carapau".
"É mais um disparate deste governo. O primeiro-ministro mandou os portugueses emigrar e este secretário de Estado mandou os pescadores virarem-se para o carapau", afirmou Jorge Machado, completando.
"Desafio o senhor secretário de Estado a ir pescar carapau ou cavala e ver se consegue sobreviver com isso. São peixes que estão a ser vendidos por preços irrisórios, que não permitem o sustento dos pescadores. Essa resposta é uma ofensa a uma classe que já está a passar por muitas dificuldades".
Jorge Machado abordou, numa conferência de imprensa promovida da Póvoa de Varzim, o defeso biológico da sardinha, que tem forçado várias embarcações, que se dedicam à captura deste pescado, a pararem a sua actividade.
"Não há qualquer estudo científico, que seja do conhecimento público, sobre a necessidade ou adequação desta paragem para reposição dos stocks", apontou o deputado.
"O que temos é uma paragem articulada entre o governo e os armadores, que podem ganhar dinheiro com isto, mas que atiram para a miséria cerca de 2500 pescadores que ficam no desemprego", completou
Jorge Machado acusou o governo de não defender os interesses nacionais, apontando que em Espanha se continua a fazer a pesca da sardinha.
"Sendo a quota da sardinha negociada entre Portugal e Espanha, e não havendo nenhuma imposição comunitária sobre esta matéria, achamos muito estranho que o governo não defenda os interesses nacionais e, pelo menos, esclareça porque nós paramos e em Espanha não".
O deputado do PCP considerou "legitimo que se faça uma paragem para repor stocks" mas vincou que teria de ser "devidamente fundamentada e não concertada entre armadores e governo".
A proibição da captura da sardinha foi compensada com a atribuição de subsídios aos pescadores, mestres e armadores num total aproximado de 4 milhões de euros, o que corresponde a um salário de 600 a 800 euros por mês, por tripulante, em função das actividades a bordo.
O defeso biológico decorre entre 1 de Janeiro e 28 de Fevereiro para os pescadores que não aderiram à cessação temporária e entre 15 de Janeiro e 15 de Março para os que receberam as compensações.
Após o período de defeso, está estabelecida uma quota inicial de 4.000 toneladas entre Março e Maio, mas falta fixar a quota total disponível para 2015.
Lusa/SOL