A visita, a primeira que Rui Machete realiza a Angola desde que assumiu a pasta da diplomacia portuguesa, decorrerá hoje e na terça-feira, e poderá servir para o "retomar das relações" entre Lisboa e Luanda, como assumiu recentemente o embaixador angolano em Lisboa, José Marcos Barrica.
O primeiro acto da agenda do ministro português é um encontro com o homólogo angolano, Georges Chikoti, com quem ainda almoçará mais tarde.
Na passada sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores angolano referiu que a visita do governante português servirá para avaliar a cooperação entre os dois países, mas antecipou que não está previsto "nada de novo".
Na agenda estarão, além das questões bilaterais, assuntos multilaterais de interesse regionais e internacionais, tendo em conta a presença de Angola no Conselho de Segurança das Nações Unidas, como membro não permanente do mesmo órgão.
A presidência em exercício angolana da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), a segurança marítima na região do Golfo da Guiné, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a Guiné-Bissau e a cooperação entre Angola e a União Europeia são outros assuntos que vão dominar a reunião dos dois governantes.
Ao longo do dia, Machete terá ainda encontros de trabalho com os ministros angolanos do Ensino Superior, Adão do Nascimento, e da Economia, Abraão Gourgel. A agenda do ministro português inclui ainda uma visita ao estaleiro da Tecnovia e termina com um jantar oferecido pelo governante português.
Na terça-feira, o dia é quase todo dedicado à comunidade portuguesa, com visitas à embaixada e ao consulado geral de Portugal em Luanda e às instalações do instituto Camões e da AICEP — Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal.
Rui Machete desloca-se também à escola profissional da construtora Teixeira Duarte, antes de um almoço com representantes da comunidade portuguesa em Angola e de uma reunião com empresários portugueses.
A agenda do segundo e último dia da visita oficial do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros conclui-se com o encerramento da exposição da artista angolana Fineza Teta.
Em Outubro de 2013, o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, desaconselhava a realização de uma parceria estratégica entre Angola e Portugal, que deveria ser confirmada com a realização de uma cimeira bilateral, que chegou a estar agendada.
Alguns dias antes, em entrevista à Rádio Nacional de Angola, o ministro dos Negócios Estrangeiros português tinha pedido desculpa a Luanda pelas violações do segredo de justiça sobre investigações a responsáveis angolanos, declarações que provocaram polémica em Lisboa.
Desde então, o Governo português tem afirmado a qualidade das relações bilaterais e, em dezembro passado, o embaixador de Angola em Portugal considerou a visita do ministro Rui Machete a Luanda como "um retomar das relações" entre os dois países.
Marcos Barrica, citado pela emissora nacional angolana, referiu que, depois de "algum período de crispação" nas relações bilaterais, "há um esforço muito grande" de ambas as partes para se "retomar a normalidade destas relações e se chegar à excelência".
Lusa/SOL