Imobiliário comercial com 715 milhões investidos

O ano passado foi muito positivo para o imobiliário comercial, com um crescimento do investimento de 130% face a 2013. Foram investidos 715 milhões de euros contra os 312 milhões do ano anterior. Segundo a consultora imobiliária JLL, no seu mais recente Market Pulse, 2014 equipara-se aos níveis registados em 2008 (704 milhões) e 2010…

No mercado de escritórios verificou-se um crescimento da ocupação entre 30% e 40% e a entrada de mais de 30 novas lojas nas principais zonas de rua em Lisboa. Para Pedro Lancastre, director geral da JLL Portugal, estes resultados confirmam uma retoma plena do imobiliário nacional e da sua projecção internacional, “já que a quase totalidade deste volume foi transaccionada por investidores estrangeiros”.

O responsável garante ainda que 2015 terá tudo para dar sequência a este crescimento e poderá ser mesmo um ano recorde de investimento, tendo em conta algumas operações de grande dimensão que não foram concretizadas em 2014. “Já se assiste a alguma escassez do lado da oferta em termos de adequação à procura, pelo que a ‘pequena’ dimensão do nosso mercado pode limitar uma retoma que seria ainda mais expressiva”, adianta Pedro Lancastre.

A JLL destaca que 86% do volume investido ao longo do ano é de origem estrangeira, com investidores oriundos de vários países, incluindo China, EUA, Reino Unido, Brasil, Espanha e também Rússia. Os chineses estão entre os mais dinâmicos e, além do sector residencial e de reabilitação (fora do volume registado), compram edifícios de escritórios bem localizados, alguns do quais a necessitar de obras de modernização.

Entre as transacções de relevo de 2014 destacam-se cinco negócios, três deles assessorados pela JLL: um portefólio de imóveis de logística e retalho, detido pela ESAF; os edifícios da EDP situados no Marquês de Pombal, adquiridos por um fundo americano; e um portefólio de supermercados Pingo Doce adquiridos por um fundo francês. As outras duas transacções de relevo incluem a venda do outlet Freeport e do centro comercial Alegro Alfragide.

O retalho foi o principal tipo de investimento, com 58% do volume transaccionado, seguindo-se os escritórios, com 26%, e o imobiliário industrial e de logística, com um peso de 15%. Depois de um ano que tocou mínimos históricos, o mercado de escritórios registou uma rota de crescimento consistente ao longo de 2014 e deverá ter encerrado o ano com uma absorção de espaços entre os 100.000 m² e os 110.000 m², o que traduz uma melhoria que pode variar entre os 30% e os 40% face aos 77.800 m² de 2013.

O comércio de rua também continua muito dinâmico. Em Lisboa, a Avenida da Liberdade, muito associada ao luxo, e o Chiado, considerado a zona trendy, continuam a dominar como destinos consolidados.

Depois de quase três anos sem novos empreendimentos comerciais, no 4.º trimestre abriu o Alegro Setúbal, com 44.000 m², resultado da expansão da antiga galeria comercial do Jumbo da cidade.

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