Fundos unidos contra o BES

Quase 40 fundos de investimento e de pensões internacionais uniram-se contra o BES, a família Espírito Santo e antigos gestores do banco, numa acção judicial comum no valor de 106 milhões de euros.

Fundos unidos contra o BES

O processo deu entrada no início desta semana no Tribunal de Pequena Instância Cível de Lisboa. Ao que o SOL apurou, é a primeira acção interposta por investidores institucionais estrangeiros naquela instância, e também a primeira em que queixosos do BES colocam os membros da família Espírito Santo e administradores no banco dos réus, numa lista que inclui ainda a auditora KPMG. Até ao momento, a generalidade das acções visava sobretudo as autoridades e a medida de resolução ditada pelo Banco de Portugal em Agosto, que separou os activos do BES.

Nesta acção, nem o BES Investimento nem o seu presidente José Maria Ricciardi escapam. O único membro da família que manteve funções de relevo após o terramoto no BES será notificado em breve.

Entre os queixosos destaca-se a Fidelity, a maior sociedade gestora de activos do mundo. O SOL contactou fonte oficial do grupo, que rejeita comentar o âmbito da acção intentada contra o BES.

O Grupo Rothschild é outro dos grandes protagonistas deste processo comum. A dinastia que há gerações se cruza com os Espírito Santo e que foi determinante para a reconstrução do grupo após as nacionalizações de 1975 reclama judicialmente a exposição de 11 fundos de investimento ao BES.

O rasto de investidores institucionais penalizados é de tal forma abrangente que engloba fundos de todo o mundo e de grande dimensão. O maior fundo de pensões público da Califórnia, um outro do Havai e até a gestão de pensões da petrolífera British Petroleum (BP) fazem parte dos queixosos, tal como a seguradora multinacional Axa.

Apesar de não ter sido possível identificar o âmbito concreto da acção judicial, a exposição de 106 milhões de euros reclamada pelos quase 40 fundos poderá estar relacionada com a participação no último aumento de capital do BES, considerado pelo Financial Times um dos piores negócios de sempre na história financeira. A aquisição de papel comercial do GES ou a detenção de obrigações subordinadas do BES são outras possibilidades.

A acção foi interposta no dia 10 de Janeiro e visa 30 réus (ver lista ao lado). Ricardo Salgado, José Maria Ricciardi, José Manuel Espírito Santo Silva, Manuel Fernando Moniz Galvão Espírito Santo Silva e Ricardo Abecassis Espírito Santo Silva são os membros dos vários ramos da família apontados neste processo.

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sandra.a.simoes@sol.pt