Morreu o Rei da Arábia Saudita

O Rei Abdullah da Arábia Saudita morreu no hospital aos 91 anos, anunciou esta noite a televisão estatal de Riade, citada pelas agências internacionais.

Abdullah terá falecido às 1h locais (sexta-feira), 22h (de quinta) na hora de Lisboa. O rumor da morte do monarca circulava há vários dias e ganhou força nas últimas horas através das redes sociais. Abullah lutava contra uma pneumonia.

O príncipe Salman deverá ser entronizado como novo Rei dos sauditas, acrescentou a televisão nacional, que interrompeu a emissão regular com a leitura de versos corânicos.

Salman tem 79 anos e, segundo a imprensa ocidental, enfrenta graves problemas de saúde, pelo que as atenções viram-se também para o príncipe Muqrin, o próximo na linha de sucessão. 

A Arábia Saudita é uma monarquia absoluta, o segundo maior produtor mundial de petróleo (a seguir à Rússia) e um forte aliado do Ocidente. É também um país recorrentemente acusado de graves violações de direitos humanos, como são exemplos recentes a condenação de um blogger a um milhar de chicotadas por crime de blasfémia e a decapitação de uma mulher em plena via pública por susposta agressão à filha.

Abdullah, um ortodoxo 'reformista'

Décimo terceiro dos 37 filhos do antigo Rei Abdul Aziz al-Saud, o pai da actual Arábia Saudita, Abdullah era visto pelos observadores como politicamente 'reformista' (permitiu algum nível de crítica na comunicação social e defendeu a participação das mulheres em futuras eleições autárquicas), pese embora o profundo conservadorismo social e religioso resultante de uma educação tradicionalista – e as referidas violações de direitos humanos.

Era ainda considerado um diplomata nato, sendo recordados os seus esforços para evitar uma guerra entre a Síria e a Jordânia em 1980. Nos anos 90, apelou à calma dos movimentos palestinianos perante uma escalada dos confrontos com as forças israelitas, recorda a BBC, tendo redigido anos mais tarde uma proposta de paz subscrita pela Liga Árabe que reconheceria Israel dentro das fronteiras pré-1967.

Em 2005, Abdullah ascendeu ao trono, após a morte do irmão Fahd. Era considerado um dos homens mais poderosos do mundo e também um dos mais ricos, com a sua fortuna pessoal e da sua família imediata a ser avaliada em mais de 20 mil milhões de dólares.

pedro.guerreiro@sol.pt