A medida surge duas semanas após o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, ter escrito um post em que declarava que a rede nunca iria permitir que “um país ou grupo de pessoas decidam aquilo que as pessoas podem partilhar por esse mundo fora”, terminando a nota com um “Je Suis Charlie”, em referência ao movimento pró-liberdade de expressão surgido após o atentado terrorista contra a redacção do Charlie Hebdo.
Nessa nota, Zuckerberg fazia uma defesa pessoal da liberdade de expressão, recordando que, há alguns anos, o próprio foi alvo de uma iniciativa para o condenar à morte no Paquistão precisamente por se recusar a banir conteúdos potencialmente ofensivos para os muçulmanos.
“Não deixarei que tal aconteça no Facebook. Estou comprometido com o desenvolvimento de um serviço onde se pode falar livremente sem ter medo da violência”, escreveu.
Mas o discurso não tem correspondência total com as práticas da empresa. Para além da censura na Turquia, o Facebook acatou em Dezembro um pedido da Rússia para filtrar a página de Alexei Navalny, o líder da oposição a Vladimir Putin.
Críticos da rede de Zuckerberg acusam ainda a companhia de eliminar páginas ligadas a dissidentes chineses e sírios, escreve o Washington Post, que recorda que a política oficial do Facebook é a de seguir a lei em cada país onde opera. A Turquia é precisamente um dos territórios mais problemáticos para as redes sociais, com a justiça daquele país a suspender frequentemente o acesso a serviços como o Twitter e o Facebook devido à partilha de conteúdos críticos do Governo de Recep Tayyip Erdogan ou potencialmente ofensivos para o Islão ou para a memória do ‘pai’ da nação, Mustafa Kemal Atatürk.