Portugal tem 64 genéricos que a autoridade europeia quer suspender

A Agência Europeia do Medicamento recomenda a suspensão de centenas de genéricos, dos quais 64 comercializados em Portugal, mas o Infarmed ainda não tomou uma decisão, alegando que “a análise de risco não evidenciou existir falta de segurança ou eficácia”.

Em causa está uma inspecção realizada à GVK Biosciences, na Índia, que detectou irregularidades na forma como esta empresa conduzia os ensaios clínicos a vários medicamentos que circulam na União Europeia.

De acordo com a nota da Agência Europeia do Medicamento (EMA), a inspecção detectou a manipulação de electrocardiogramas durante alguns dos ensaios clínicos.

No seguimento desta recomendação da EMA, a Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários suspendeu a comercialização de 29 genéricos.

Em Portugal, estão à venda 64 dos medicamentos que a EMA recomenda a sua suspensão, nomeadamente analgésicos, anti-histamínicos, neurolépticos, medicamentos para a doença de Parkinson, anti-alérgicos, protectores gástricos, entre outros.

Para já, a autoridade que regula o sector do medicamento em Portugal ainda não decidiu se suspende ou não a comercialização destes medicamentos, estando previsto para ainda hoje um esclarecimento.

Na sexta-feira passada, no mesmo dia em que a EMA emitiu a recomendação da suspensão destes genéricos, o Infarmed elaborou uma circular informativa referindo que, "na sequência de uma inspecção realizada pela agência francesa, foram identificadas não conformidades regulamentares graves na GVK Biosciences".

"Relativamente aos medicamentos que dispõem de dados suficientes de outras fontes que comprovam o cumprimento dos requisitos regulamentares", o Comité de Medicamentos para Uso Humano (CHMP) da EMA "recomendou a sua manutenção no mercado".

Para os restantes medicamentos, "incluindo os que têm alternativas terapêuticas, a análise de risco não evidenciou existir falta de segurança ou eficácia destes medicamentos, pelo que a decisão final sobre a manutenção no mercado será tomada pela Comissão Europeia, tendo em consideração a opinião do CHMP", prossegue a circular.

O Infarmed aguarda ainda "a decisão vinculativa da Comissão Europeia, aplicável a todos os Estados Membros".

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Lusa/SOL