Estas são as conclusões de um estudo realizado por uma equipa da Universidade de Cincinatti (EUA) e publicado na revista científica da instituição. Para Mary Jean Amon, coordenadora do estudo, os resultados demonstram claramente o modo como a sociedade vê as mulheres e como isso pode ser desvantajoso para a sua auto-estima.
A experiência foi feita com dois grupos de pessoas. O primeiro conjunto, formado por 100 estudantes (50 homens e 50 mulheres), foi fotografado com um fundo branco. O segundo grupo, composto por 76 pessoas (novamente homens e mulheres sensivelmente da mesma idade dos fotografados), tinha por função olhar para as imagens. Mas os cientistas não disseram, com precisão, o que iria estar nas fotografias, apenas que o grupo iria – para testar respostas psicológicas a estímulos visuais – olhar para um conjunto de imagens aleatórias de pessoas, paisagens, objectos artísticos, etc.
À medida que iam olhando para as fotos, a duração do olhar era medido por sensores instalados no computador que exibia as fotos. Os resultados traduziram a hipótese inicial traçada pelo grupo de Amon, de que as mulheres estavam sujeitas a olhares mais demorados e analíticos. Mas essa análise nem sempre lhes era propriamente favorável. “Percebemos que os olhares dirigidos às mulheres eram mais frequentes”, disse a coordenadora ao site Science Daily. “Eram observadas várias vezes e por um tempo maior, tanto por observadores masculinos como femininos”.
Mas a conclusão que a equipa retirou das observações – nenhuma fugiu àquela regra, notam – vai mais além: “Eles traduzem um fenómeno de sexualização ou até de tratamento das mulheres como uma mera soma das partes do corpo”, diz Mary Jean Amon. “Os efeitos a curto prazo podem incluir fraca auto-estima e uma redução das funções cognitivas” das mulheres. A longo prazo, nota ainda Amon, as coisas tornam-se mais difíceis. Elas próprias começam a olhar para si como meros objectos e a “avaliar-se apenas em termos da sua aparência física”.