O Congresso do PS de Novembro só aprovou as propostas de revisão estatutárias mais urgentes, deixando para aprovação em Comissão Nacional, o órgão máximo entre Congressos, a possibilidade de alargar as primárias à escolha de deputados e presidentes de Câmara. Apesar de, segundo a proposta de Costa, este método não ser obrigatório.
«Seria insensato o PS desperdiçar o potencial que as primárias abriram», afirma ao SOL um dirigente costista. Mas nem todos partilham do mesmo entusiasmo. «É impossível que haja primárias para escolher deputados. Isso não tem pés nem cabeça», diz um outro dirigente próximo do líder dos socialistas.
Este será um dos primeiros testes de António Costa como secretário-geral do PS, numa altura que tem sido criticado pela pouca acção do partido.
Esta quinta-feira marcou presença na habitual reunião da bancada parlamentar, depois de há quinze dias alguns deputados terem pedido uma maior intervenção do PS, noticiou o Observador. Questionado à saída pelos jornalistas sobre se esses apelos teriam sido renovados na sua presença, Costa respondeu com um «não». «Debatemos a posição do PS perante os últimos dados da evolução na Europa e as posições que devemos adoptar nesse sentido para prosseguir a actividade de oposição e de construção da alternativa», disse.
Na noite de quinta-feira realizou-se a primeira reunião da Comissão Política Nacional, o órgão de direcção alargada, no Largo do Rato, onde um dos pontos principais de debate foi a forma de o PS aproveitar o balão de oxigénio dado pela vitória do Syriza, de forma a promover uma nova agenda europeia.
A aprovação dos estatutos será feita hoje, na Comissão Nacional, em Setúbal, e promete gerar alguma polémica. Será também aí que os seguristas se poderão pronunciar sobre os primeiros meses de liderança de Costa e onde poderá ouvir algumas críticas ao facto de o PS ainda não ter descolado da direita nas sondagens.
Apesar da pressão, o secretário-geral do PS ainda não deverá lançar propostas programáticas.
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