Embora grande parte da dívida pública grega esteja na mão de instituições internacionais – BCE, FMI e fundo de resgate europeu -, os bancos gregos ainda têm em carteira parte dos títulos de dívida emitidos por Atenas. Como já não podem utilizar esses activos para se financiarem junto da autoridade monetária da zona euro, o financiamento vai ser mais difícil. As instituições financeiras só poderão aceder às normais operações de financiamento do BCE se utilizarem outros títulos que tenham em carteira, como Obrigações do Tesouro de outros Estados-membros.
Em caso de emergência, podem recorrer ainda à ELA, uma linha para problemas de liquidez temporários. Mas essa solução de último recurso tem implicações. Esta linha de financiamento – a que o BES recorreu do colapso do ano passado, por exemplo – tem juros mais altos. Segundo a Bloomberg, os juros da ELA podem atingir 1,55% ao ano, quando as operações normais do BCE de financiamento do bancos europeus implicam actualmente juros de 0,05%. Desta forma, os custos de financiamento dos bancos helénicos vão aumentar.
E há outra consequência, desta feita para as autoridades helénicas. O recurso à ELA é autorizado pelo BCE, mas a cedência de liquidez faz-se através do banco central nacional, “o que implica que os custos e riscos decorrentes dessas operações são suportados pelos mesmo”, explica um documento do BCE com as regras desta linha de financiamento. Ou seja, num cenário em que a Grécia entrasse em incumprimento, as perdas seriam suportadas pelo Banco da Grécia e não pelo BCE.
Por último, o recurso à ELA implica uma vigilância reforçada sobre as operações bancárias na Grécia. O banco central da Grécia tem de reportar todos os financiamentos que concede e todos os pormenores sobre essas operações: a quem empresta, com que prazo, por que motivo e com que garantias.