Em entrevista hoje ao diário económico Negócios, Peter Praet salienta que o BCE vê "melhorias em quase todo o lado" e que Portugal irá beneficiar "das reformas que tomou, da queda do preço do petróleo, e de melhores condições financeiras", mas faz um alerta: "a grande questão é o que chamamos de fatiga de reformas: nos meses mais recentes algumas reformas foram suspensas".
De acordo com o economista do BCE, é necessário saber agora se a dívida pública portuguesa é sustentável, considerando que a questão mais importante é avaliar se o país "consegue aumentar a sua performance de crescimento de forma estrutural", lembrando que se o crescimento for mais fraco "torna-se mais difícil".
A redução da dívida implica que Portugal e outras economias tenham excedentes primários de 3% e 4% do PIB, por ano, durante décadas, situação que Peter Praet considera "viável".
"Sem isso, torna-se de facto muito difícil. Eu venho de um país [Alemanha] em que tivemos excedentes primários de 6% e foram sustentados por um número de anos. Mas é mais difícil atingir o excedente primário, do que mantê-lo", explicou.
Questionado quanto ao facto da previsão de crescimento de Portugal situar-se entre 1,5% e 2% em termos reais nos próximos anos Peter Praet sublinha que a questão é sempre a taxa de juro que paga contra a taxa de crescimento real, incluindo o efeito da inflação.
"É desafiante, e é por isso que as reformas são essenciais", sublinhou.
Lusa/SOL