João Ferreira considera “enorme desfaçatez” declarações de Juncker

O deputado do PCP João Ferreira classificou hoje de “enorme desfaçatez” as declarações do presidente da Comissão Europeia sobre a intervenção da ‘troika’, recordando que Jean-Claude Juncker teve “pesadíssimas responsabilidades” nos programas de intervenção.

João Ferreira considera “enorme desfaçatez” declarações de Juncker

"São declarações que revelam uma enorme desfaçatez, proferidas por alguém que teve pesadíssimas responsabilidades, enquanto presidente do Eurogrupo, no desenho dos programas de intervenção da 'troika'", assinalou o eurodeputado comunista, em declarações à agência Lusa.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, admitiu na quarta-feira que a 'troika' "pecou contra a dignidade" de portugueses, gregos e também irlandeses", reconhecendo que a afirmação pode parecer 'estúpida' por ser dita pelo ex-líder do Eurogrupo.

Segundo João Ferreira, o facto de a 'troika' e os seus memorandos terem atentado contra a dignidade dos portugueses, gregos e irlandeses "não foi por uma mera questão formal, como Juncker parece sugerir agora", mas sim por um problema de "conteúdo de políticas".

Para o deputado comunista, aquilo que se pretende agora é "baralhar e dar de novo", passando a 'troika' a um quarteto, conforme as declarações do presidente da Comissão Europeia, que sugere manter as instituições que dela fazem parte, incluindo um ministro na dependência do presidente do Eurogrupo.

"Ou seja, quer mudar o embrulho para que o presente continue a ser o mesmo presente envenenado. [Juncker] diz que as políticas ditas de consolidação devem continuar, ou seja, estamos perante uma tentativa de prosseguir a politica da troika sem a troika", sustentou.

João Ferreira defendeu uma "política alternativa" que, no plano nacional, passaria por uma "política patriótica, que saiba assumir a ruptura com as imposições e subordinação às potências da União Europeia".

O deputado ao Parlamento Europeu preconizou também uma política de esquerda "que promova o desenvolvimento económico e social e o progresso, e que rompa com o caminho de declínio para onde o país foi arrastado".

Nas declarações proferidas quarta-feira, Juncker teceu ainda críticas à anterior Comissão Europeia (CE), liderada por Durão Barroso, ao afirmar que "antes não se falava em absoluto" na Grécia porque se "confiava cegamente no que dizia a 'troika'", formada pela CE, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu.

O actual presidente da CE insistiu na ideia de que falta à 'troika' legitimidade democrática, apesar de considerar que as três instituições que a formam devem estar presentes na estrutura.

Lusa/SOL