Cidade americana vira fantasma de si própria?

Todos os edifícios americanos no interior da Base das Lajes ou nos terrenos adjacentes têm um ‘T’ de ‘Temporary’ marcado à frente, junto à entrada. O terreno é propriedade da Força Aérea Portuguesa e as construções estão ali até que a Força Aérea Americana precise delas ou até que vigore o acordo de cooperação entre…

Cidade americana vira fantasma de si própria?

Ao longo dos anos foram feitas muitas intervenções nos edifícios e a área construída aumentou. Eis alguns exemplos de serviços disponibilizados em diferentes edifícios: bowling; ginásio; cinema; lavandaria; igreja; universidade; escola; correios; salão de beleza; barbearia; hospital; dormitório comum; comando; clube dos oficiais; clube dos sargentos; clube dos soldados; hipermercado; shopping; restaurantes (há uma Subway dentro da Base) e snack-bars.

A redução de militares e o encerramento de alguns serviços afectos a diferentes esquadrões – o destacamento está organizado por esquadrões (Comunicações, Transportes, Engenharia, Serviços) – deverá levar os comandos americano e português a pensar no reordenamento do território. Alguns edifícios já estão na lista para ser demolidos. Outros aguardam uma decisão. São os casos do cinema ou do Ocean- View, que segundo apurou o SOL junto de fonte não autorizada, deverão fechar. O BX deverá ser reduzido e poderá receber os artigos vendidos no Comissary, que fecha as portas.

A escola americana em Santa Rita, por onde passaram filhos de civis – mediante o pagamento de 13 mil euros por ano, segundo um encarregado de educação ouvido pelo SOL – deverá encerrar em Junho, mês em que  terminam as aulas da única turma de 15 alunos que sobrevive. O mesmo deverá acontecer ao polo da Universidade de Maryland, que funcionava na Base. Os professores já estão a regressar aos EUA. Só no ano passado terão sido dispensados 30 docentes, alguns a viver há cinco anos na ilha.

Intacta deverá ficar a Casa Branca, próxima do Comando norte-americano. É a única construção americana pintada a branco. Era lá que os Presidentes em trânsito nas Lajes assinavam o despacho, tal e qual como se o fizessem em Washington.

As vivendas para os militares e seus familiares construídas nos bairros Nascer do Sol e Beira-Mar (num total de 452) deverão ser transferidas para o Estado português. A maior parte está vazia. Faltam os carros à porta e as tabelas de basquete estão sem rede, abandonadas. A América passou por aqui, ficou, mas já cá não está. 

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ricardo.rego@sol.pt