Contudo, há que notar que estas taxas muito baixas não são exclusivo de Portugal.
O Japão vive há mais de dez anos com taxas de juro próximas do zero. Nos Estados Unidos, que criaram quantidades astronómicas de dinheiro para combater a inflação, só agora o banco central ameaça fazer meia volta e começar a subir as taxas, afastado que está o perigo da deflação (inflação negativa e persistente). A deflação é nefasta porque faz os consumidores e as empresas adiarem as suas compras, para comprarem mais barato, e a economia sofre com, esses adiamentos. Além disso, a deflação aumenta o valor das dívidas em termosa reais (se A empresta 1000 euros a B, e os preço descem, no momento do reembolso B vai pagar um valor que compra mais do que comprava quando ele contraiu o empréstimo).
Mais ao pé de nós, a Alemanha tem taxas de juro negativas: o credor aceita receber menos dinheiro do que emprestou.
Esta bizarra situação deve-se a conjugação de três factores; o crescimento económico, que é muito baixo, pelo que as taxas de juro o são também.
Além disso, temos o perigoso confronto entre a Rússia e a Ucrânia, que pode escalar sabe lá até onde; e a barbárie do Estado Islâmico, uma espécie de multinacional do terrorismo. E são estes medos que fazem os investidores aceitarem taxas de juro negativas.
Por isso, não desanime quando vir o seu extracto bancário. Os seus juros, ainda que muito baixo ainda são positivos.
Quanto à República Portuguesa, quanto mais baixo se endividar, melhor. Aos 2% obtidos hoje, há que juntar 0,4% da taxa de deflação. A taxa de juro real (isto é, tendo em conta a deflação, é de 2,5% ao ano.
Claro, eu gostava que houvesse maior actividade económica, o que faria subir os juros. Veremos, além disso, e com especial atenção, a situação na Ucrânia.