Taxas de juro em mínimos históricos

Portugal endividou-se hoje, no mercado de dívida, por uma taxa de juro historicamente baixa: pediu emprestado 1.499 milhões de euros a 2,09 ao ano. O valor emprestado foi superior ao que estava previsto, devido às condição favoráveis no mercado. Desde que há registos não se conhecia uma taxa tão reduzida.

Contudo, há que notar que estas taxas muito baixas não são exclusivo de Portugal. 

O Japão vive há mais de dez anos com taxas de juro próximas do zero. Nos Estados Unidos, que criaram quantidades astronómicas de dinheiro para combater a inflação, só agora o banco central ameaça fazer meia volta e começar a  subir as taxas, afastado que está o perigo da deflação (inflação negativa e persistente). A deflação é nefasta porque faz os consumidores e as empresas adiarem as suas compras, para comprarem mais barato, e a economia sofre com, esses adiamentos. Além disso, a deflação aumenta o valor das dívidas em termosa reais (se A empresta 1000 euros a B, e os preço descem, no momento do reembolso B vai pagar um valor que compra mais do que comprava quando ele contraiu o empréstimo).

Mais ao pé de nós, a Alemanha tem taxas de juro negativas: o credor aceita receber menos dinheiro do que emprestou.

Esta bizarra situação deve-se a conjugação de três factores; o crescimento económico, que é muito baixo, pelo que as taxas de juro o são também. 

Além disso, temos o perigoso confronto entre a Rússia e a Ucrânia, que pode escalar sabe lá até onde; e a barbárie do Estado Islâmico, uma espécie de multinacional do terrorismo. E são estes medos que fazem os investidores aceitarem taxas de juro negativas.

Por isso, não desanime quando vir o seu extracto bancário. Os seus juros, ainda que muito baixo ainda são positivos.

Quanto à República Portuguesa, quanto mais baixo se endividar, melhor. Aos 2% obtidos hoje, há que juntar 0,4% da taxa de deflação. A taxa de juro real (isto é, tendo em conta a deflação, é de 2,5% ao ano.

Claro, eu gostava que houvesse maior actividade económica, o que faria subir os juros. Veremos, além disso, e com especial atenção, a situação na Ucrânia.