"O preço do azeite na origem, pago pelo preço da azeitona, teve um aumento na ordem dos 60%, fator que, aliado à quebra de 20% na produção nacional, vai ter de refletir-se no preço ao consumidor final", disse hoje à agência Lusa a secretária-geral da Casa do Azeite – Associação do Azeite de Portugal -, Mariana Matos, à margem do III Congresso Ibérico do Azeite, a decorrer em Abrantes, no distrito de Santarém, até domingo.
"O preço do azeite, na origem, tem vindo a sofrer um aumento sistemático e muito significativo desde o final do verão de 2014, aumento de preços que tem vindo a acentuar-se à medida que se conhecem melhor os dados da última campanha de produção, que apontam, em termos mundiais, para uma quebra muito significativa da produção de azeite", notou Mariana Matos.
"Essa quebra foi motivada pelas más condições climatéricas que se fizeram sentir em alturas cruciais para o ciclo de produção da azeitona, como a altura da floração e vingamento dos frutos, e a fase final da maturação", observou a responsável.
"Com uma quebra tão acentuada na produção mundial, é natural que o preço na origem tenha um significativo aumento, é a lei da oferta e da procura", lembrou, acrescentando que, por enquanto, o preço ao consumidor ainda não reflecte esta situação.
No entanto, avançou Mariana Matos sem quantificar, o preço "deverá progressivamente ser ajustado para reflectir o maior custo da matéria-prima na origem".
Segundo defendeu, a desvalorização do euro "terá um impacto positivo nas exportações de azeite, tendo em conta que grande parte das exportações se destina a países extracomunitários. Por outro lado, essa desvalorização pode contrariar um pouco o aumento do preço do azeite na origem, minimizando o impacto negativo desse aumento nas exportações", observou.
João Nuno Alcaravela, director da Associação de Agricultores dos concelhos de Abrantes, Mação, Sardoal e Constância e membro da organização do Encontro Ibérico do Azeite destacou à Lusa as medidas relacionadas com o Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) até 2020, que está a iniciar o seu período de execução.
"Foi possível neste simpósio dar a saber que o PDR 2020 tem linhas de apoio muito importantes para a instalação de novos agricultores, ajudas gerais à agricultura empresarial e à pequena agricultura, com apoios que, no caso de pequenos investimentos (até 25 mil euros), vão até aos 50%", referiu.
"Realço ainda os apoios financeiros aos olivicultores para a instalação de novas plantações, modernização de maquinaria e para projectos de aglomerados de produtores, assim como ao olival tradicional, à produção integrada e à agricultura biológica", acrescentou Alcaravela, tendo lembrado a "novidade do limite da idade" aceite para os pequenos agricultores.
"Ao contrário dos anteriores quadros comunitários, um indivíduo com 40 anos, inclusive, pode apresentar projectos de instalação na qualidade de jovem agricultor", aplaudiu.
Uma medida que Mariana Matos considerou ser um "estímulo absolutamente vital para a reconversão de toda a agricultura nacional".
Lusa/SOL