O jornal Público noticiou ontem que, entre Outubro de 1999 e Setembro de 2004, Pedro Passos Coelho acumulou dívidas à Segurança Social, tendo decidido pagar voluntariamente este mês, num total de cerca de 4.000 euros. Em resposta ao diário, o chefe do Governo disse que nunca foi notificado da dívida, que prescreveu em 2009.
Contactada pela agência Lusa antes de uma intervenção num jantar com apoiantes na Cova da Piedade, em Almada, Catarina Martins declarou: "Eu lembro palavras do primeiro-ministro de que as dívidas têm de ser pagas e não podemos ser caloteiros".
"Há pessoas neste país a trabalhar a recibos verdes, ou que tiveram quebras abruptas de vencimento, que não conseguiram pagar a Segurança Social, e que hoje vivem um calvário de dívidas, e até viram o seu carro ou casa penhorados", apontou.
Catarina Martins disse não ser possível "viver com um regime em que há um primeiro-ministro que pode esquecer-se de pagar a Segurança Social, auferindo rendimentos tão mais elevados do que a maior parte da população".
O primeiro-ministro, na resposta ao Público, afirma que, em 2012, foi confrontado com dúvidas sobre a sua situação contributiva e que, nessa altura, o Centro Distrital de Segurança Social de Lisboa lhe indicou que tinha em dívida 2880,26 euros, acrescidos de juros de mora e que essa dívida, apesar de prescrita, poderia ser paga "a título voluntário e a qualquer momento para efeito de constituição de direitos futuros".
Para o BE, esta notícia "só pode chocar o país" e "tem de haver uma certa perplexidade por se começar já a achar com uma certa normalidade casos destes com alguém que tem tantas responsabilidades".
Questionada também sobre as acusações feitas pelo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, de Portugal e Espanha quererem derrubar o Governo grego, Catarina Martins comentou que o BE tem visto a forma como o executivo português "tem colaborado em todas as pressões do Governo alemão para que a austeridade seja a política única na União Europeia".
"Quando se estava a discutir a situação grega, e o Governo grego exigia uma alternativa à austeridade, porque estava a matar o seu país, vimos como a ministra das Finanças de Portugal foi mostrada como bom exemplo por ser de um Governo submisso", criticou.
Para a porta-voz do BE, Portugal "tem muito mais em comum com Espanha e com a Grécia do que com a Alemanha, e deveria estar alinhado com os países que têm os mesmos interesses e não são os do Governo alemão ou dos mercados financeiros".
Lusa/SOL