De acordo com a agência de notícias espanhola Efe, fontes do Governo espanhol anunciaram ter enviado um protesto conjunto de Espanha e Portugal aos presidentes da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e do Conselho Europeu, Donald Tusk, depois de Tsipras ter dito perante o comité central do partido Syriza que as "forças conservadoras europeias minaram" cada passo para um acordo com a Grécia, para evitar que o exemplo grego criasse escola em Espanha e Portugal.
Questionadas sobre uma carta que Espanha e Portugal terão enviado a protestar contra as declarações de Alexis Tsipras em que este ataca especificamente Portugal e Espanha, acusando-os de tentarem bloquear o acordo no Eurogrupo sobre a ajuda à Grécia, fontes da Comissão Europeia afirmaram, no entanto, não terem recebido qualquer carta.
A agência Lusa tentou obter mais esclarecimentos sobre o assunto junto do gabinete do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, mas até ao momento tal não foi possível.
As reacções de Espanha surgiram logo após as afirmações de Tsipras, através das declarações do secretário de Estado espanhol, Íñigo Méndez de Vigo, segundo o qual "Espanha não é adversária de nada, antes pelo contrário: é solidária com o povo grego como já demonstrou, assumindo o compromisso de 26.000 milhões euros num momento muito difícil para a economia" do seu país, "em plena recessão".
"Por isso, o que pedimos ao novo Governo grego é responsabilidade, porque acreditamos que os problemas da Grécia não se resolvem com declarações, mas com reformas, e é isso que esperamos", adiantou, acrescentando que as declarações de Tsipras "não correspondiam à realidade e, por isso, ao não responder à realidade" o Governo espanhol não entende porque foram produzidas.
Íñigo Méndez de Vigo disse ainda que "os últimos dados económicos divulgados demonstram que a Grécia ia no bom caminho, eram positivos" e afirmou esperar que não haja retrocessos nesta matéria.
Portugal também respondeu a Tsipras, através do porta-voz do PSD, Marco António Costa, afirmando que a "conturbação e dificuldades internas do Syriza não justificam a invenção de histórias nem de desculpas para envolver terceiros".
"Todos nós percebemos que aquelas palavras [de Alexis Tsipras] foram proferidas na qualidade de presidente do Syriza, todos sabem que tem havido um ambiente muito conturbado dentro do Syriza, em resultado dos compromissos assumidos pelos dirigentes enquanto governantes dentro do Eurogrupo", disse Marco António Costa, à entrada para o encerramento das jornadas do PSD e do CDS sobre investimento, no Porto, no sábado.
Segundo o social-democrata, "essa conturbação e dificuldades internas do Syriza não justificam a invenção de histórias nem de desculpas para envolver terceiros que nada têm a ver com esse problema".
"Está na hora de os responsáveis assumirem as suas próprias responsabilidades e não continuarem a sacudir a água do capote e enjeitar as responsabilidades que são próprias das suas decisões", frisou o vice-presidente do PSD.
Já a Comissão Europeia não comentou quaisquer declarações.
"Para a Comissão Europeia", disseram fontes comunitárias citadas pela Efe, "é difícil comentar os comentários dos outros, especialmente porque a Comissão quer agir como um mediador e facilitador de acordos".
"Não somos surdos nem cegos e ouvimos o mundo todo. Sabemos que há vozes construtivas e vozes menos construtivas. Mas não vamos comentar", ressalvaram as mesmas fontes.
Lusa/SOL