O ex-presidente da PT assume a sua quota-parte de responsabilidade na permissão concedida à realização e renovação de investimentos da operadora no GES e questiona passividade da PT perante o BES e o Banco de Portugal.
“Após a minha saída começou uma nova história da qual não faço parte, mas concede-me legitimidade para deixar algumas reflexões”, declarou.
“Surpreende-me que a PT SGPS ainda não tenha demandado judicialmente junto do BES”, afirmou, acrescentando que também não entende a passividade perante o regulador, Banco de Portugal, pelo tratamento concedido aos investidores em papel comercial.
“Deixo dito que eu próprio acompanhado do CFO fui comunicar ao presidente do Novo Banco e do Governador que a PT iria actuar judicialmente para ser ressarcida”. No entanto, essas acções judiciais não chegaram ainda a ser interpostas.
“Nunca exerci funções para obter vantagens para mim ou para terceiros. Agi livre de interesses ou pressões que afectassem a independência das minhas decisões”, sublinha o ex-presidente.
Outra das críticas de Granadeiro incide na submissão da PT à Oi. “Sendo a PT SGPS o maior accionista da Oi, porque é que a PT se mantém numa atitude humilhante e subalterna?”, questiona.
A decisão de venda da PT Portugal elimina o racional estratégico da PT/Oi que vê a substituição de uma gigante operadora lusófona por uma média empresa, lamenta. Este é, aliás, o seu argumento para justificar que tenha veiculado opiniões diferentes relativamente à fusão com a Oi.
Granadeiro assume responsabilidades
Henrique Granadeiro assume a responsabilidade pelo investimento de 200 milhões na Rioforte e pela sua renovação das aplicações, primeiro para Abril e depois para Julho.
“Fui eu próprio que autorizei o investimento de 200 milhões na Rioforte”. Os investimentos foram realizados com base em informações disponíveis prestadas por responsáveis da PT e pelos emitentes (BES).
PT desconhecia risco de investimento na Rioforte
Henrique Granadeiro está a explicar aos deputados da comissão o investimento da operadora, no valor de 897 milhões de euros, na Rioforte, do Grupo Espírito Santo. O ex-presidente considera que foi enganado por administradores do BES e partilha culpas com Zeinal Bava e Morais Pires, CFO do BES e administrador na PT.
“A compra de papel comercial na Rioforte deve ser enquadrada num quadro de transição e indefinição de fronteiras, porque as comissões da PT SGPS e a PT Portugal eram idênticas, à excepção de um administrador.”
Mais uma vez, o antigo presidente destaca uma gestão assumida por dois presidentes [ele próprio e Zeinal Bava] para justificar o contexto em que foi realizado o investimento que entrou em cumprimento.
O investimento sempre foi feito na ESI. “A sugestão de investimento na Rioforte foi dada pelo BES, por ser a holding, mais próxima, de activos estratégicos do grupo, financeiro e não financeiro. Não havia qualquer elemento que permitisse concluir ou suspeitar do risco do investimento”, refere.
O histórico de parceria e de investimento com o Banco Espírito Santo dava a segurança necessária para a operadora manter a sua política de investimento nas entidades do grupo.