“Havia problemas bastantes graves [no BES] que, em vez de serem discutidos no recato que é apanágio dos banqueiros, estavam a ser discutidos nos jornais de uma forma que mais parecia própria de um bando de ciganos”.
O ex-presidente da PT associou as notícias negativas no BES aos jornais Sol, i e Expresso. É nesta altura que surge a expressão “bando de ciganos” em resposta a uma questão formulada pelo CDS.
A deputada Cecília Meireles interrogou Henrique Granadeiro sobre a associação dessas notícias às três publicações. O gestor recordou que tem muita experiência de media. “Sei como se articulam as notícias”, acusou.
“Estive 12 anos no Expresso como administrador-delegado. Não só leio jornais, sei como se fazem os jornais”, referiu durante a audição para justificar o momento em que soube dos problemas no Grupo Espírito Santo.
“As notícias foram dadas invariavelmente pelo SOL, i e Expresso. Prefiro acreditar em quem governa o País.”
Henrique Granadeiro defende que os jornais não são o “Diário da República” e que, apesar das várias notícias veiculadas por órgãos de comunicação a dar conta da disputa de poder e das graves dificuldades no GES, acreditava na informação veiculada pelo BES, o accionista e parceiro estratégico de longa data. E, sobretudo, não dava credibilidade a essas notícias, porque o Presidente da República, a ministra das Finanças e o Governador do Banco de Portugal garantiam a solidez do BES.
O gestor só tomou conhecimento das dificuldades no momento em que o BES realizou o aumento de capital em Maio de 2014, através do prospecto que alertava para “irregularidades materialmente relevantes”.
Apesar das dúvidas suscitadas, Granadeiro não falou, na altura, com Ricardo Salgado.