Na sequência deste último aumento, muitos consumidores da capital acorreram à EPAL, que abastece 350 mil clientes na cidade (300 mil dos quais domésticos) para pedir esclarecimentos. «A EPAL tem registado um volume de pedidos de esclarecimentos superior», confirmou fonte oficial da empresa ao SOL.
A mesma fonte esclarece, porém, que não foi o preço do abastecimento de água a aumentar: «Estes aumentos provêm de tarifas dos serviços municipais e a decisão foi tomada pela Câmara Municipal de Lisboa, em Dezembro».
Assim, o maior peso sentido na factura deve-se a mais taxas aplicadas pela CML: por cada metro cúbico de água, os lisboetas pagam agora mais na rubrica 'Contas de terceiros', que passou a incluir também a tarifa de saneamento (indexada ao IMI e antes paga à parte) e a nova tarifa de gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU).
Contas feitas, os consumidores de Lisboa passaram a pagar, em média, mais seis euros pela factura da água.
Já em 2014 a EPAL aumentou a sua tarifa da água e, em 2016, segundo o anúncio feito pelo ministro do Ambiente no ano passado, Lisboa será um dos municípios onde os preços voltarão a aumentar.
Entretanto, a CML entendeu abrir excepções para os sectores da restauração e do alojamento, por entender que disponibilizam serviços de utilidade pública, como água de consumo e instalações sanitárias. Assim, estes sectores têm um desconto de 15% na factura, face aos tarifários gerais aplicados aos consumidores domésticos.
Preços vão continuar a subir
As taxas já representavam, entre 2012 e 2013 (ano dos últimos registos), os maiores aumentos em todo o país. No abastecimento de água, os consumidores passaram a pagar mais 1,75% do que em 2012, no saneamento mais 5,48% e na gestão de resíduos urbanos mais 4,24%, segundo dados da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR). Os encargos mensais com os três serviços oscilaram entre um valor máximo de 40,71€ euros e um mínimo de 1,5 euros em todo o país – o que representa uma grande discrepância de preços.
Mas a tendência é mesmo para que a factura da água continue a aumentar: «Este é um processo que se espera gradual, de modo a que não haja variações abruptas de tarifas de um ano para o outro», esclarece a ERSAR. Como acaba de acontecer em Lisboa.
sonia.balasteiro@sol.pt