O ex-presidente da PT justifica que o projecto de fusão com a Oi, tal como foi concebido, foi desvirtuado a partir do momento em que se decidiu vender a PT Portugal aos franceses da Altice. Porque o objectivo era juntar os negócios da PT com a Oi, beneficiando da ascenção da classe média brasileira, e ganhar escala.
“Eu continuei a acreditar no projecto de fusão e no que estava implicita na revisão do acordo, votado pelos accionistas a 8 de Setembro de 2014. Mudo de oposição no momento em que é tornada pública que a venda da PT.”
Para Henrique Granadeiro, a venda da operadora significou: “A destruição do projecto de consolidação em que eu acreditei e pelo qual dei a cara perante os accionistas”.
O antigo presidente da PT acreditava no projecto por várias razões, como as alterações na regulação europeia que vão ditar a queda acentuada nas margens. Nos EUA há dois ou três operadores principais de telecomunicações, enquanto na Europa há muitos. O antigo gestor defende que os operadores na Europa vão ter de avançar para consolidações. Cerca de 40% das concentrações ocorreram na Europa.
“Todo o projecto que eu apresentei aos accionistas, sufragado em 99% pelos accionistas, foi mandado para o caixote de lixo. Foi uma falta de respeito e uma traição, porque esse projecto continuava a ter validade”, lamenta o ex-responsável.
“A PT ficará com mais de 25% da Oi. É uma participação maior do que o dobro dos accionistas brasileiros. Nessa altutra, ainda achei que valia a pena lutar pelo projecto de consolidação.”
Granadeiro diz que quando anunciam a venda da PT Portugal e começa a ouvir rumores de que as negociações com a Altice já tinham começado, mudou de posição: “Quem não se sente não é filho de boa gente. Por isso, escrevi uma carta à CMVM e ao presidente da Assembleia-geral da PT”.
“Mudei de opinião, mas não mudei de projecto”, remata, recordando todo o "espalhafato feito nos jornais com páginas de publicidade [resposta da Oi a desmentir a carta de Granadeiro e a ameaçar com uma acção judicial]".
Levantamento de sigilo bancário
O presidente da comissão parlamentar de inquérito sujeito à votação dos deputados o levantamento do sigilo profissional invocado pelo BES, CMVM, ESAF e Autoridade de Supervisão de Seguros. Todos os grupos parlamentares concordaram.
Recorde-se que estas entidades invocaram o sigilo profissional para não responder aos ofícios remetidos pelos deputados da comissão. Com o pedido de levantamento, deverão fazer chegar ao Parlamento as respostas e os documentos pedidos.