"Devolvam-nos o nosso dinheiro", "paguem aquilo que devem" e "tenham vergonha" foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes, entre as 9:30 e as 11:30 da manhã.
No interior do edifício, encontram-se representantes dos vários partidos políticos a participar no "Encontro I.P.S.S. – Na defesa do Estado Social", entre os quais o vice-primeiro-ministro Paulo Portas (CDS/PP), o presidente do grupo parlamentar do PSD Luís Montenegro.
"Fui roubado, enganado. Aos 18 anos, fui com uma mala em cada mão para a Venezuela, toda a vida trabalhei, tinha lá muito dinheiro e agora roubaram-me as poupanças de uma vida", lamentou Fernando Alves, de 81 anos.
Queixando-se de que enfrenta problemas de saúde graves, recordou que, numa fase inicial, lhe foi transmitido que o dinheiro investido em papel comercial do GES, adquirido nos balcões do Banco Espírito Santo, seria devolvido.
"Primeiro disseram-me que até ao fim de Novembro se resolvia, que o investimento passaria para um depósito a prazo com boas condições, depois já era até ao fim do ano e a partir de Dezembro começaram a dar o dito por não dito. É revoltante, mas não me vou ficar", garantiu, deixando um aviso ao governador do Banco de Portugal, Carlos Costa: "Ele que se cuide. Eu estou perdido."
A mesma garantia foi recebida por Jorge Miguel, igualmente presente no protesto.
"Quando se iniciou este processo, sempre me disseram que iria reaver o que investi. Inclusivamente, tenho um email do meu gestor a dizer: 'Fique descansado que o dinheiro será devolvido'", disse.
Apontando o dedo ao que considera ser um "roubo" e um "engano", defende que o sucedido põe em causa todo o sistema financeiro. "As pessoas põem o dinheiro no banco para não serem assaltadas e acabam por ser assaltadas no próprio banco?", questionou.
Entre gritos de revolta exigindo a demissão de Carlos Costa e de Eduardo Stock da Cunha, presidente do Novo Banco (ex-BES), sucediam-se as acusações.
"Quando o meu pai investiu, disseram-lhe que era um produto com garantia BES. Disseram-nos que era como um depósito a prazo, com juros e capital garantido. Só quando começaram a sair estas notícias é que fui consultor o extrato e foi quando percebi que era papel comercial da Rio Forte", lamentou Hugo Martinho, que marcou presença em representação do pai, de 63 anos.
Deixou ainda um aviso: "Têm de nos pagar. Não vamos desistir. Se o dinheiro não for devolvido, quando o banco for comprado, nós vamos continuar com as invasões. Não são 2500 lesados, são 2500 famílias."
Segundo o porta-voz da organização do protesto, a concentração no Porto deverá terminar ao final da manhã, deslocando-se para Esposende, onde está prevista uma visita do Presidente da República.
A 03 de Agosto de 2014, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado 'banco mau' (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.
Lusa/SOL