Em cirúrgicos artigos de opinião publicados diariamente no Jornal da Madeira, Alberto João Jardim tem, por um lado, exigido a maioria absoluta ao PSD nas eleições regionais antecipadas de 29 de Março, caso contrário tirará as suas ilações. Por outro lado, tem questionado a lista de candidatos a deputados apresentada por Albuquerque, a eventual ligação deste à maçonaria, as opções que têm vindo a público para futuros governantes regionais e a orgânica proposta (criação de subsecretarias em vez das actuais 29 direcções regionais).
Jardim lembra que a opinião pública “não gosta de governos demasiado grandes numa terra pequena” e entende que a ideia de criação das subsecretarias regionais não passa de um estratagema para “tornear as politicamente inadequadas exigências legais”.
A lei da República impõe a escolha de directores regionais (o equivalente a directores-gerais) por concurso público. Para manter os cargos de confiança política criam-se as novas subsecretarias regionais.
Jardim estranha ainda que Miguel Albuquerque tenha dado guarida a duas candidaturas internas minoritárias (Sérgio Marques e Miguel de Sousa) e tenha deixado de fora nomes e representantes das duas listas derrotadas mas com mais votos (Manuel António Correia e João Cunha e Silva).
Na qualidade de “militante”, “eleitor do PSD-Madeira” e “co-fundador do partido”, Jardim tem puxado dos galões para mandar recados internos. Fá-lo, “à vontade, por currículo e por estar de fora” e, justifica, em nome da sua “consciência”.
Questiona a incorporação de não-militantes nas listas 'laranja', insinua que indivíduos próximos de Miguel Albuquerque foram responsáveis pelo PSD ter perdido sete das 11 Câmaras da Madeira nas últimas eleições autárquicas (em 2013) e alerta para o perigo do novo governo regional ser composto por “pessoas não recomendáveis”. Embora sem apontar nomes, Jardim adianta que são aquelas que “andam metidas” em processos de natureza financeira ou de passado político “triste”.
O ainda presidente do Governo Regional não é o único a exigir a maioria absoluta ao novo líder do partido. Alguns militantes também têm criticado a lista de Miguel Albuquerque por ter um pendor mais urbano e menos rural, rompendo com o ADN do partido que manteve Jardim no poder durante 37 anos.
Maçonaria divide
O último conselho regional do partido reafirmou a meta da maioria absoluta, mas o objectivo poderá ser difícil de alcançar. Ainda por cima caiu mal uma recente entrevista de Miguel Albuquerque sobre a eventual redução de trabalhadores na Função Pública.
Sobre a questão da maçonaria, Jardim fez questão de lembrar que uma das últimas edições da revista Sábado colocou Miguel Albuquerque como fazendo parte da Grande Loja Legal de Portugal.
“O leitor deve ter presente que alguns assalariados na comunicação dita 'social' mentiram durante anos, dizendo que isso da maçonaria era invenção minha. O tempo, pelo que tem vindo a público, encarregou-se de mostrar quem tinha razão”, escreveu.
Acto contínuo, o CDS, o maior partido da oposição na Madeira, veio já dizer que não aceita que a governação da região seja “decidida em sociedades secretas”.