O político sempre presente

Decididamente, Cavaco Silva pôs sempre os seus interesses políticos à frente de qualquer outra pessoa. Em 1995, não deu a Fernando Nogueira o apoio que este necessitava para lutar contra Jorge Sampaio, que acabou por ser eleito.

20 anos depois, Cavaco  fez uma autêntica razia no leque de possíveis candidatos presidenciais, ao dizer que o requisito essencial para se ser presidente da República é ter experiência internacional.

Rui Rio, que a meu ver daria um óptimo candidato, capaz de ganhar votos quer à esquerda quer à direita, fica afastado. Dos que não quebram a regra temos, por exemplo, Manuela Ferreira Leite e António Vitorino.

Para condicionar o jogo político, ao mais alto nível, durante 30 anos, Cavaco deve ver-se a si próprio como uma espécie de “Salvador da Pátria”. Umas vezes esteve bem, como no texto da boa e da má moeda, que ajudou a derrubar o surreal governo de Santana Lopes, ou quando retirou o tapete a José Sócrates, ou ainda na completa ausência de críticas ao governo de Passos Coelho.

Noutras ocasiões esteve bem. Nos seus 10 anos como primeiro-ministro Portugal teve um crescimento económico notável. Daí que se possa dizer de Cavaco: foi melhor primeiro-ministro do que presidente da República.