20 anos depois, Cavaco fez uma autêntica razia no leque de possíveis candidatos presidenciais, ao dizer que o requisito essencial para se ser presidente da República é ter experiência internacional.
Rui Rio, que a meu ver daria um óptimo candidato, capaz de ganhar votos quer à esquerda quer à direita, fica afastado. Dos que não quebram a regra temos, por exemplo, Manuela Ferreira Leite e António Vitorino.
Para condicionar o jogo político, ao mais alto nível, durante 30 anos, Cavaco deve ver-se a si próprio como uma espécie de “Salvador da Pátria”. Umas vezes esteve bem, como no texto da boa e da má moeda, que ajudou a derrubar o surreal governo de Santana Lopes, ou quando retirou o tapete a José Sócrates, ou ainda na completa ausência de críticas ao governo de Passos Coelho.
Noutras ocasiões esteve bem. Nos seus 10 anos como primeiro-ministro Portugal teve um crescimento económico notável. Daí que se possa dizer de Cavaco: foi melhor primeiro-ministro do que presidente da República.