Quadros do Grupo Espírito Santo leiloados no final do mês

A primeira venda de activos da massa falida da Espírito Santo International (ESI) já está agendada. Os quadros da holding que controlava todos os negócios do Grupo Espírito Santo (GES) serão vendidos em leilão.

“No âmbito do processo de recuperação do activo da ESI, os administradores irão prosseguir com a venda de pinturas durante um leilão organizado pela Christie's em França a 30 de Março de 2015, em Paris. Os interessados devem dirigir todos os pedidos de informações complementares directamente para a Christie's”, lê-se no site criado pelo sistema judicial do Luxemburgo para divulgar informações sobre as insolvências das empresas do GES ali sediadas.

Contactado pelo SOL, o liquidatário judicial da ESI confirmou a venda, mas não esclareceu a dimensão do espólio. “Será um leilão colectivo em que Christie's venderá também outras obras. Algumas são da massa falida da Espírito Santo International”, afirma Paul Laplume. 

Informações contraditórias

Apesar da informação avançada pelo responsável judicial, surgem informações contrárias por parte da Christie's. Na página oficial da empresa, existe um leilão agendado para 30 de Março, que “reúne 88 obras que abrangem cinco séculos de história da arte, muitas de colecções privadas europeias”.

O valor estimado para os 88 lotes oscila entre o mínimo de 2,3 milhões e o máximo de quase 3,4 milhões de euros. Mas, questionada sobre obras da ESI, fonte oficial da Christie's garante que “não há qualquer lote proveniente do universo Espírito Santo”. Esta resposta contradiz a informação oficial do liquidatário, que não esclareceu o assunto até ao fecho desta edição.

A ESI era detida em 50% pela ES Control – sociedade que reunia a posição dos cinco ramos da família Espírito Santo. Através da ESI, o grupo de Ricardo Salgado controlava tanto o ramo financeiro como o não financeiro. Foi na ESI que começou a derrocada do GES com “irregularidades materialmente relevantes”, como dívida não contabilizada. Ainda houve um pedido de gestão controlada apresentado no Luxemburgo, mas foi rejeitado. A insolvência acabou por ser o destino desta sociedade, à semelhança da Espírito Santo Control, da Rioforte, da Esfil e da Espírito Santo Financial Group.

Comporta à venda

O património total das cinco sociedades será liquidado no Luxemburgo com o objectivo de ressarcir os credores das holdings.

Na página oficial das insolvências do GES, os administradores revelam que já receberam propostas de compra para activos ESI, mas clarificam que os interessados terão de repetir as ofertas quando a venda de activos for anunciada publicamente na página de insolvência.

Além do leilão de quadros, a mesma página indica que a “actividade normal do fundo e da empresa Herdade da Comporta [da Rioforte] inclui a venda regular de lotes de terra. Essa actividade prossegue e qualquer venda futura será anunciada neste site”.

sandra.a.simoes@sol.pt