Quando o BES foi intervencionado, em Agosto de 2014, o BdP fez-lhe a primeira intervenção cirúrgica: separou os activos bons dos problemáticos, passando os primeiros para o Novo Banco e os segundos para o banco 'mau'. Sem o diagnóstico completo, e apenas com as contas semestrais do BES disponíveis, foi encomendada uma auditoria à PricewaterhouseCoopers (PwC) para validar o balanço do banco.
Em Dezembro do ano passado, chega a radiografia e todos os créditos e activos artificiais ficaram expostos. Segundo o relatório da PwC, «os ajustamentos ao valor dos activos em base consolidada […] totalizam 4.852 milhões de euros, antes do efeito da fiscalidade, o que corresponde a cerca de 6% do respectivo valor contabilístico à data da aplicação da medida de resolução ao BES».
Ou seja, descobria-se um empolamento de 6% nos activos totais do BES quando o banco foi resgatado, com operações semelhantes às que ocorreram em Angola. Só 1,2 mil milhões de euros foram correcções aos valores de créditos e outros 759 milhões ao registo contabilístico de activos imobiliários.
Ao que o SOL apurou, um mecanismo utilizado em Portugal para mascarar as contas ocorria nos chamados pagamentos em dação. Quando um devedor não consegue pagar uma dívida, o banco pode exercer o penhor sobre o activo que serviu de garantia – uma casa, por exemplo. Mas o BES registava esse imóvel a um preço superior ao de mercado, para não penalizar as contas.
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Condomínio de luxo era apenas um engodo