Este é o principal destino do investimento português em Espanha

A Andaluzia, que realiza eleições autonómicas no domingo, foi a região espanhola que recebeu mais investimento directo português nos nove primeiros meses de 2014, o que atesta a sua importância para os empresários portugueses.

De acordo com os dados mais recentes da delegação de Madrid do AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), de Janeiro a Setembro de 2014 Portugal foi o sétimo maior fornecedor da Andaluzia, exportando 673 milhões de euros para a região (e os dois primeiros são a Nigéria e a Argélia, com exportações exclusivamente de hidrocarbonetos, petróleo e gás). 

As vendas portuguesas para a Andaluzia cresceram assim 9,8% face ao mesmo período do ano anterior.

No sentido contrário, Portugal importou da Andaluzia 1,6 mil milhões de euros no mesmo período, o que o tornam o quarto maior cliente da região. 

Os dados da agência espanhola de exportações e investimento ICEX indicam que Portugal ultrapassou os 900 milhões de euros de exportações para a Andaluzia no total do ano passado, ou seja, o maior valor de sempre.

A Andaluzia tem quase a mesma área de Portugal (87 mil quilómetros quadrados contra os 92 mil de Portugal), quase a mesma população (8,5 milhões de andaluzes face aos cerca de 10 milhões de portugueses), um enorme litoral e forte componente turística na sua economia tornam a região um bom local para a internacionalização das empresas portuguesas.

O cônsul honorário de Portugal em Málaga (a capital económica da Andaluzia), Rafael Perez de Peña, referiu à Lusa que os últimos dez anos representaram "a década de ouro do investimento português na região".

Aqui investiram grupos como a Sonae-Sierra (que detém e vai ampliar em joint-venture um dos maiores centros comerciais de Málaga), a Salvador Caetano (que escolheu Málaga para instalar a rede de concessionários automóveis Ibericar), a Sovena (empresa líder na comercialização de azeite) ou a Sugalidal (negócio do tomate).

Os números do Ministério da Economia espanhol atestam esta realidade: o investimento direto bruto português na Andaluzia em 2004 não chegou a um milhão de euros. Em 2012 foi de 34 milhões e nos seis primeiros meses de 2014 era já de 14,96 milhões de euros.

O valor do investimento na Andaluzia em 2014 representa 34% de todo o investimento direto português em Espanha no mesmo período (que foi de 43 milhões de euros), deixando em segundo lugar a Catalunha (que recebeu 32% da aposta portuguesa).

Na Andaluzia vivem e trabalham cerca de 10 mil portugueses, quase tantos como os cerca de 11 mil espanhóis que residem em todo o território português.

O crescimento do relacionamento económico com a região autonómica levou mesmo ao surgimento, há um ano, do Conselho Empresarial Andaluzia-Portugal (CEAP), um reflexo da reactivação do Consulado-Geral de Portugal em Sevilha, um dos dois que existem em Espanha (o outro é em Barcelona).

O CEAP integra algumas das maiores e mais dinâmicas empresas – não só portuguesas, mas também espanholas – a operar na região, como a eléctrica Endesa, a Sovena, a transportadora Luís Simões, a Delta, o Novo Banco, a Coviram, a Caixa Geral de Depósitos, o grupo Erogra, o Grupo Aromas ou a Sugalidal.

O Cônsul-Geral de Portugal em Sevilha, Jorge Monteiro, disse à agência Lusa que o CEAP "é uma estrutura única no seu género Espanha", já que foi fundado pelas próprias empresas visando "a dinamização das relações".

Lusa/SOL