O presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), Luís Bravo, explicou à Lusa que a CP foi condenada, em várias instâncias, a restituir os complementos que não foram pagos aos trabalhadores no subsídio de férias desde 1996 e no subsídio de Natal entre 1996 e 2003, estimando uma dívida de cerca de dez milhões de euros aos revisores e trabalhadores das bilheteiras.
Sem possibilidade de recurso, a CP e os representantes dos trabalhadores sentaram-se à mesa para chegar a uma acordo "para a empresa pagar essa dívida de forma gradual" e, em reunião a 18 de Março, os representantes do SFRCI foram informados que a proposta de acordo ainda não tinha sido enviada à tutela, o Ministério da Economia.
"Nesse mesmo dia, decidimos quebrar a paz social, no período da Páscoa, com dois dias de greve, porque nestes nove meses de negociação, a administração criou a legítima expectativa de que os trabalhadores iriam ser ressarcidos e pensávamos que a empresa estava a proceder de boa-fé", explicou à Lusa Luís Bravo, acrescentando que "o sindicato tentou tudo para evitar esta greve".
Fonte oficial da CP adiantou à Lusa que, "dada a importância do período da Páscoa, em que decorre esta greve, podendo afectar algumas ligações que registam nesta altura a procura de muitos portugueses, [a empresa] prosseguirá os seus esforços nos processos negociais em curso com as diversas organizações sindicais envolvidas relativamente a esta questão".
"No entanto, para preservar as condições necessárias à continuidade dessas negociações, a CP opta por remeter para um momento oportuno, nos próximos dias, esclarecimento público mais detalhado sobre este processo negocial", acrescentou.
Lusa/SOL