Seria precisamente um destes Costa Macedos, António, que ainda ali hoje vive numa parte da casa (noutra mora uma irmã sua), que aí pelos inícios dos anos 80, com um genro já morto (João Van Zeller), abriria o restaurante. A marca da casa era uma decoração muito acolhedora, quase caseira, com paredes de uma cor de salmão quente; um dos chamarizes, o fado que lá se cantava, normalmente por clientes e amigos dos proprietários; e finalmente uma culinária onde pontificava um excelente fondue. Tendo já estado instalado no local do restaurante, em tempos anteriores, um talho, a carne do fondue tinha de ser obrigatoriamente irresistível.
Umas obras na rua, muito demoradas, afastaram a clientela, e levaram ao fecho da casa. Houve entretanto outras duas gestões: de um Rebelo de Andrade e de Francisco Lucena, ambos ligados a restaurantes.
Os actuais proprietários (ver texto junto) tomaram conta da casa em Maio passado, depois de um encerramento de algum tempo. A decoração quase não foi mexida – tirando uma maior brancura nas paredes, e uns chemins escuros por cima das toalhas azulonas de sempre. Os azulejos da época pombalina lá continuam em alguns painéis – como devem continuar por todo o edifício.
Na lista, continua a sobressair o fondue, ainda com a garantia de carne óptima, o que é já uma tradição do outro restaurante de Raul Rodrigues, no Jamor. De resto, os fondues têm uma lista própria e especial, que vai desde os de entrada (pode ser um de queijo) aos de sobremesa (frutas frescas em chocolate quente), passando pelos mais corriqueiros de segundo prato, de carnes (lombo ou vazia de vaca), peixes e mariscos, com os molhos à base de maionese de sabores diferentes (alho, canela, etc.), até uns que se mergulham, não em óleo, mas em vinho aquecido.
Há também outra lista, com coisas simples: bifes do lombo, algum peixe, um esparguete – coisas que se vêem também na lista do Golfe do Jamor.
Nos vinhos, a variedade e qualidade poderia (e isso certamente acontecerá) melhorar. Mas há ainda uma lista completa de petiscada, que tanto pode servir para o jantar, como para um fim de tarde (ou de noite): pica-pau de porco, pregos da vazia, bitoques, amêijoas (também propostas como entrada), morcela com doce, ovos com farinheira, alheiras, moelas de frango, etc.
O tempo dos fados deixou saudades, mas agora fala-se por ali mais de golfe.
Dois golfistas a servirem fondue
Raul Ribeiro Rodrigues, 57 anos, campeão nacional de golfe de seniores amadores, com hadicap 4, concessionário do restaurante Golfe do Jamor ali muito perto (no Driving Range da Federação Portuguesa de Golfe), e Jorge Fernando, 40 anos, outro amador de golfe muito respeitável, com handicap 10, são quem conduz o barco gastronómico desta última fase do Altair.
Raul, mais atento à cozinha, onde conta com a ajuda da companheira de Jorge, Célia Gouveia. Tem a escola da boa gastronomia do Clube de Golfe do Estoril (onde caiu no bar, ainda na adolescência, vendo o gosto dos golfistas por receitas simples, práticas e tradicionais). Foi ali que o presidente da Federação Portuguesa de Golfe, Manuel Agrellos o foi buscar em 2003, para se encarregar do restaurante do Jamor. Em concurso, claro: mas com uma experiência de 29 anos de Raul no Estoril, que terá determinado a sua vitória. E apresentou rapidamente as suas credenciais, ao melhorar instantaneamente o serviço de comidas do Jamor, que era antes bastante sofrível.
Jorge Fernando, que teve uma grande experiência como embarcadiço, zela pelo bom serviço de sala. Pode-se dizer que a comida aqui é tradicional e cuidada, embora sem extravagâncias que impeçam um preço bastante em conta.
Altair
Rua Sacadura Cabral 54,
CRUZ QUEBRADA
-DAFUNDO
Tel: 21 419 24 25
Fecha à 2.ª Só jantares
Não fumadores